E tem mais...

(...)

Um monte de coisa misturada..

quarta-feira, 30 de março de 2011

Existe cotidiano pra gente?

Eu sou uma pessoa cismada. Tendo a cismar com algo específico em determinada época, pode ser qualquer coisa, uma ideia, um filme, um livro, um lugar, a mesma coisa pra música. Posso ser considerada uma eclética de carteirinha, escutei na primeira adolescência ao rock do Kiss e Pantera, logo enjoei e peguei asco, passando uma boa temporada, talvez a maior parte da minha "formação musical" com o samba, aquele de raiz venerado pelo mundo todo, com Leci Brandão, Jorge Aragão, Fundo de Quintal e outros. No que se pode dizer de pós adolescência fui descobrindo o que se tornaria uma bela "crush" que ainda perdura com o indie rock do The Killers, Arctic Monkeys, The Strokes e todos esses moleques talentosos. Nesse ínterim também conheci os junkies americanos e pacíficos dos anos 70, que dentre todos os sons são os que menos risco correm de me enjoar, com Jimi Hendrix, The Doors, e Janis Joplin...Lá no velho continente seguem como um tipo de seita pessoal light, lógico The Beatles. Toda essa introdução que acabou se estendendo foi para contar que a minha atual obsessão é Chico Buarque. Ouvi quando era criança e meu pai tinha a mania irritante de colocar o som alto nas manhã dos fins de semana, e talvez por isso não me agradava. Cresci e li quase todos os seus livros, conheci uma banda pernambucana que toca seus som com uma pegada maracatu "Seu Chico", mas há duas semanas resolvi colocar o próprio mestre pra tocar no celular, no caminho do trabalho ou pra qualquer lugar, e pronto, cismei! Ando numa fase brasileira forte, acabo de me recuperar do Lobão, e agora só quero saber do Chico.
Tem uma coisa bem divertida que eu costumo fazer, discordar de gênios...sei lá, me sinto com personalidade, por que né?Quem sou eu mesmo? Tem uma música muito famosa do Chico, "Cotidiano", e é uma das minhas preferidas, pela melodia em si e por que Chicão é um escritor de mão cheia e escolhe as palavras como ninguém, retirando, como diriam os mestres literatos, o leite da pedra. Estava eu ouvindo à Cotidiano pela centésima vez na semana, cantando feliz da vida, quando pensei, que a história não me convencia. Ele fala da esposa que todo dia faz tudo sempre igual, como todos sabem. Fiquei pensando, que hoje desde a hora que eu acordei eu tive milhões de pensamentos opostos, o que eu penso sobre o segredo do universo numa hora, na outra se vira pelo avesso, nós mulheres somos complexas por demais...pensamos muito...imaginamos demais...impossível conceber alguma de nós que repita todos os dias a mesma ação. As vezes uma calça amarrotada pode estragar a nossa manhã, ou um olhar feio da vizinha tirar nossa fome, nosso humor não segue uma linha racional, nós nos metamorfoseamos em looping infinito para não entrar no marasmo, mesmo que o marasmo seja o nosso sonho por alguns instantes. Instantes e momentos, é disso que vivem as mulheres. Desculpa Chico, te amo.

Aufwiedersehen!