Outubro de 2013 no Brasil e o meu companheiro de jornada pifa. O cenário atual é repassado em minha cabeça: não tenho como arcar, nesse momento, com um brinquedo novo, posso de repente comprar um celular comum? Ou emprestar de algum amigo, mas a réplica vem na sequência: “como vou falar com as pessoas?”, “e os milhões de grupos no whatsapp?”, “hoje em dia ninguém mais se liga, SMS então, o que é isso?”, “como vou chegar aos lugares sem o googlemaps/waze”. Impossível. Deve haver uma solução! Foi quando me vi entrando em um relacionamento sério, pluriamoroso com os atendimentos da Apple. Lucas, Victória, Gustavo. Lucas foi o primeiro amor. Ele foi tão atencioso, acompanhou-me em todos os primeiros passos onde eu tive que dissecar cada pedaço de data antigo do meu companheiro de jornada. Foram-se os contatos, foram-se os aplicativos todos, claro, não sem a grande mão protetora do backup segurá-los antes da queda. Depois de muita conversa a sentença final: eu teria que trocar o celular e receber outro, com alguns custos extras e atrativos. Era o adeus. Acelerei o processo no sentido de me desfazer do companheiro antigo, tive que despi-lo a fim de manda-lo como virgem à nave mãe. Ele que me acompanhou por todos os lugares, me apoiando quando eu me perdia, me colocando em contato com tudo quando eu estava sozinha, e até mesmo, me fazendo rir quando eu estava triste. Saudosa Siri com seus gracejos pré-produzidos.
Fiquei com um celular comum, com chip grande, esperando a Apple me restituir o dispositivo.
Depois de enviá-lo, o celular, me peguei pesarosa, refletindo e tentando lembrar se tive notícias ruins nos últimos tempos, e nada. Alguma apreensão? Não. Era a crise de abstinência, pura e simples. Hábitos arraigados, pensar em algo para compartilhar na sequência, perder-se no próprio bairro e não ter a localização na palma da mão, observar a luz natural que incide em uma janela que eu acho tão poético e não tirar fotos? Tive apenas que sentir a poesia sem dispersá-la ao universo da rede. Peraí, sentir? Eu sinto algo, seria um alívio? Um certo desespero? Acho que é uma sensação de atenção que vai voltando, como de quem acorda. Como um sedentário que volta a se exercitar. Você deve estar se perguntando, essa menina realmente encontrou seu lugar, ela se diferenciou da grande massa de olhos sem vida fixados na tela do demônio que separa pessoas, ela é uma vitoriosa! Mas, na realidade, depois de esperar pela Apple, que acabou me ferrando totalmente - o celular sem wifi se tornou o celular irretocável devido à catástrofe anterior, e me foi devolvido sem ligar, quebradão, mas isso é outra história que vocês podem ver ilustrada no singelo poema abaixo - a grande questão, e eu percebi isso depois de uma semana isolada, sem whatsapp ou qualquer outra conexão no celular, seguida de uma crise de choro acompanhada da sensação de isolamento plus tpm, é que eu não tinha por que me sentir envergonhada por querer me conectar. Eu sou um ser comunicador, eu amo estar em contato o dia todo, a qualquer momento com todos os meus amigos, eu amo poder tirar dúvidas profundas de indagações passageiras andando na rua, olhando no google, e mais do que tudo, eu gosto de soltar as minhas ideias loucas ao vento, pelo menos elas não ficam dançando na minha cabeça, ou qualquer que seja o meu motivo: não tem nada errado com isso!
Ao lado das grandes revoluções de massa sempre existe um tipo de consenso comum pré determinado - por que sempre vai ter o contra tudo que a massa gosta e faz - e que julga e condena sua existência, e menospreza as pessoas que aderem a certo estilo de vida, as taxam rapidamente de alienadas.
Depois de enviá-lo, o celular, me peguei pesarosa, refletindo e tentando lembrar se tive notícias ruins nos últimos tempos, e nada. Alguma apreensão? Não. Era a crise de abstinência, pura e simples. Hábitos arraigados, pensar em algo para compartilhar na sequência, perder-se no próprio bairro e não ter a localização na palma da mão, observar a luz natural que incide em uma janela que eu acho tão poético e não tirar fotos? Tive apenas que sentir a poesia sem dispersá-la ao universo da rede. Peraí, sentir? Eu sinto algo, seria um alívio? Um certo desespero? Acho que é uma sensação de atenção que vai voltando, como de quem acorda. Como um sedentário que volta a se exercitar. Você deve estar se perguntando, essa menina realmente encontrou seu lugar, ela se diferenciou da grande massa de olhos sem vida fixados na tela do demônio que separa pessoas, ela é uma vitoriosa! Mas, na realidade, depois de esperar pela Apple, que acabou me ferrando totalmente - o celular sem wifi se tornou o celular irretocável devido à catástrofe anterior, e me foi devolvido sem ligar, quebradão, mas isso é outra história que vocês podem ver ilustrada no singelo poema abaixo - a grande questão, e eu percebi isso depois de uma semana isolada, sem whatsapp ou qualquer outra conexão no celular, seguida de uma crise de choro acompanhada da sensação de isolamento plus tpm, é que eu não tinha por que me sentir envergonhada por querer me conectar. Eu sou um ser comunicador, eu amo estar em contato o dia todo, a qualquer momento com todos os meus amigos, eu amo poder tirar dúvidas profundas de indagações passageiras andando na rua, olhando no google, e mais do que tudo, eu gosto de soltar as minhas ideias loucas ao vento, pelo menos elas não ficam dançando na minha cabeça, ou qualquer que seja o meu motivo: não tem nada errado com isso!
Ao lado das grandes revoluções de massa sempre existe um tipo de consenso comum pré determinado - por que sempre vai ter o contra tudo que a massa gosta e faz - e que julga e condena sua existência, e menospreza as pessoas que aderem a certo estilo de vida, as taxam rapidamente de alienadas.
Eu agradeço esse momento de desconexão, por ter me lembrado de valores importantes, mas eu não voltaria atrás, eu aceito o hoje com gratidão, e agora posso dizer que me sinto mais feliz sim, só que com um android.
Your phone versus your heart http://www.nytimes.com/2013/03/24/opinion/sunday/your-phone-vs-your-heart.html?_r=2&
O tal do poema: