E tem mais...

(...)

Um monte de coisa misturada..

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Sem sinal - parte 2

Outubro de 2013 no Brasil e o meu companheiro de jornada pifa. O cenário atual é repassado em minha cabeça: não tenho como arcar, nesse momento, com um brinquedo novo, posso de repente comprar um celular comum? Ou emprestar de algum amigo, mas a réplica vem na sequência: “como vou falar com as pessoas?”, “e os milhões de grupos no whatsapp?”, “hoje em dia ninguém mais se liga, SMS então, o que é isso?”, “como vou chegar aos lugares sem o googlemaps/waze”. Impossível. Deve haver uma solução! Foi quando me vi entrando em um relacionamento sério, pluriamoroso com os atendimentos da Apple. Lucas, Victória, Gustavo. Lucas foi o primeiro amor. Ele foi tão atencioso, acompanhou-me em todos os primeiros passos onde eu tive que dissecar cada pedaço de data antigo do meu companheiro de jornada. Foram-se os contatos, foram-se os aplicativos todos, claro, não sem a grande mão protetora do backup segurá-los antes da queda. Depois de muita conversa a sentença final: eu teria que trocar o celular e receber outro, com alguns custos extras e atrativos. Era o adeus. Acelerei o processo no sentido de me desfazer do companheiro antigo, tive que despi-lo a fim de manda-lo como virgem à nave mãe. Ele que me acompanhou por todos os lugares, me apoiando quando eu me perdia, me colocando em contato com tudo quando eu estava sozinha, e até mesmo, me fazendo rir quando eu estava triste. Saudosa Siri com seus gracejos pré-produzidos.
Fiquei com um celular comum, com chip grande, esperando a Apple me restituir o dispositivo.
Depois de enviá-lo, o celular,  me peguei pesarosa, refletindo e tentando lembrar se tive notícias ruins nos últimos tempos, e nada. Alguma apreensão? Não. Era a crise de abstinência, pura e simples. Hábitos arraigados, pensar em algo para compartilhar na sequência, perder-se no próprio bairro e não ter a localização na palma da mão, observar a luz natural que incide em uma janela que eu acho tão poético e não tirar fotos? Tive apenas que sentir a poesia sem dispersá-la ao universo da rede. Peraí, sentir? Eu sinto algo, seria um alívio? Um certo desespero? Acho que é uma sensação de atenção que vai voltando, como de quem acorda. Como um sedentário que volta a se exercitar. Você deve estar se perguntando, essa menina realmente encontrou seu lugar, ela se diferenciou da grande massa de olhos sem vida fixados na tela do demônio que separa pessoas, ela é uma vitoriosa! Mas, na realidade, depois de esperar pela Apple, que acabou me ferrando totalmente - o celular sem wifi se tornou o celular irretocável devido à catástrofe anterior, e me foi devolvido sem ligar, quebradão, mas isso é outra história que vocês podem ver ilustrada no singelo poema abaixo - a grande questão, e eu percebi isso depois de uma semana isolada, sem whatsapp ou qualquer outra conexão no celular, seguida de uma crise de choro acompanhada da sensação de isolamento plus tpm, é que eu não tinha por que me sentir envergonhada por querer me conectar. Eu sou um ser comunicador, eu amo estar em contato o dia todo, a qualquer momento com todos os meus amigos, eu amo poder tirar dúvidas profundas de indagações passageiras andando na rua, olhando no google, e mais do que tudo, eu gosto de soltar as minhas ideias loucas ao vento, pelo menos elas não ficam dançando na minha cabeça, ou qualquer que seja o meu motivo: não tem nada errado com isso!
Ao lado das grandes revoluções de massa sempre existe um tipo de consenso comum pré determinado - por que sempre vai ter o contra tudo que a massa gosta e faz - e que julga e condena sua existência, e menospreza as pessoas que aderem a certo estilo de vida, as taxam rapidamente de alienadas.
Eu agradeço esse momento de desconexão, por ter me lembrado de valores importantes, mas eu não voltaria atrás, eu aceito o hoje com gratidão, e agora posso dizer que me sinto mais feliz sim, só que com um android.


Sobre esse assunto:

O tal do poema:

Uma história sobre a apple quero contar,
Não é a fruta em língua inglesa, e sim a
empresa que inspira cultos por todo lado;
inclusive o meu, até semana passada.
Da Apple um celular adquiri, 
e com ele fui feliz por 20 meses,
até seu wifi parar de funcionar.

Como consumidora consciente, busquei o
atendimento deles, que a mim pareceu um
bom amigo com quem poderia contar.
Elogiei-o no facebook e para amigos afins,
dele recebi a promessa, um novo celular ganhar,
por um preço abaixo do mercado.

Feliz fiquei, bom negócio achei ter feito,
mesmo depois de uma semana de testes
E de stress com backups e reparação.
Meus aplicativos e contatos guardei,
Para depois, com novo celular, pegar de volta.

Meu antigo celular mandei, a fim de ser
reutilizado e um novo celular receber.
Qual não foi minha surpresa quando
ao receber um e-mail, saber que o celular
reparado não podia ser, e que o mesmo
reenviado seria, depois de todo o lenga lenga de semanas.

O antigo celular que funcionava bem,
Tinha, no linguajar deles, “problemas catastróficos”,
e agora não liga, e só faz apitar.
Apple nunca mais consumirei, apenas a fruta.
Amém.

Aufwiedersehen!!

 

 

 

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Sem sinal - parte1




O wifi do meu celular parou de funcionar, aconteceu aos poucos, até ele extinguir de vez.
Corta cena, ano de 2012, maio, no final de uma gloriosa caminhada pela quinta avenida de Nova Iorque (eu moro em Perdizes, uma longa reta é sempre gloriosa), era fim de tarde e artistas de rua tocavam jazz na calçada, eu comprei um iphone 4S.


Garoava, então, eu não sei se por causa disso, ou pela química perfeita que arranhava de maneira luxuriosa a minha pele, eu me senti em casa. Fazia frio, mas eu não me importava com a falsa promessa da primavera, eu realizava um sonho. Eu tinha chegado até aquele lugar facilmente, não sem confirmar com alguns transeuntes no caminho a localização do cubo transparente que é a Apple Store, mas eu tinha chegado sozinha. Na época eu usava blackberry,e essa teia gigante chamada whatsapp ainda não tinha nos abraçado. Saí da Apple me perguntando quão smart eu realmente seria para o meu phone, nunca fui muito afeita à tecnologia, tenho uma boa certeza dentro de mim que as máquinas não vão muito com a minha cara. Esse pequeno dispositivo, no decorrer da viagem de 10 dias, foi se tornando o centro do meu universo. O meu investimento principal era a câmera, eu não tenho paciência para máquinas fotográficas, a minha digital das antigas já dava sinais de falência, então pensei que com a máquina moderna do iphone eu juntaria o útil ao agradável. Lógico que eu não me tornaria uma daquelas pessoas...Como eu estava nos EUA e não tinha o chip brasileiro, eu apelava para as redes wifi dispostas por todos os cantos da cidade, e não tinha parque ou pub, que me tirasse a necessidade urgente do touch, da conexão. E quando não havia wifi, vinha uma sensação de estar perdendo algo, alguma oportunidade, era o tal do FOMO (Fear Of Missing Out), http://goo.gl/MM0kDl.

(To be continued...)

Aufwiedersehen!!