E tem mais...

(...)

Um monte de coisa misturada..

domingo, 24 de julho de 2011

Amor

As vezes eu me irrito com a minha cabeça, com a minha constante analise do ambiente, e agora prestes a completar 26 anos, estou mais velha do que nunca, e por vezes penso já ter visto tudo...sábado a tarde fui me despedir do meu vô, do alto da minha quase inacessibilidade fui pega por uma corrente irrestível de dor, daquelas poucas que são impossíveis de conter, talvez a única...eu era de novo aquela menininha cercada de adultos incompreensíveis, mas através dos quais eu amava descobrir um pouco da vida. Meu vô sempre forte sentado em sua poltrona, portando um copo de Whisky em uma mão e seu cigarro fedorento na outra assistia ao Corinthians. Eu entrei sem aviso no quarto e o vi tão pequeno. Ele forçosamente respirava através de uma sonda como se quisesse beber a última gota de um néctar que já não existia mais no mercado. Ficamos lá a olhá-lo, e a dizer que ele já podia ir, e a agradecer, e a dizer que o amávamos e a pedir a benção pela última vez. Era sábado a noite e eu não gostaria de estar em nenhum lugar senão lá, ao lado da minha vó, o grande amor da vida dele que o olhava, aproveitando cada segundo, e eu teria forças para bater em alguém que dissesse que o casamento é uma instituição falida. Eu olhava meu avô, mas olhava também os meus tios, meus primos, minha avó, meus irmãos e meus pais. A palavra ensaio era funesta, e não saia da minha cabeça analítica, eu precisaria me preparar, se é que existe preparo para isso.
No velório beijei sua testa impecável e gélida, ele estava como há 15 anos, quando eu ainda conseguia sentar no seu colo...agora um véu o cobria, e as flores o acolhiam no conforto do eterno. Escolhi guardar aquela recordação, o enterro era mais do que eu precisava para seguir com a minha vida.

Aufwiedersehen...

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Não se afobe não

Na falta de inspiração, e talvez na falta do que dizer, quando só se consegue sentir...fico com o Chico.

Não se afobe, não
Que nada é pra já
O amor não tem pressa
Ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário
Na posta-restante
Milênios, milênios
No ar

E quem sabe, então
O Rio será
Alguma cidade submersa
Os escafandristas virão
Explorar sua casa
Seu quarto, suas coisas
Sua alma, desvãos

Sábios em vão
Tentarão decifrar
O eco de antigas palavras
Fragmentos de cartas, poemas
Mentiras, retratos
Vestígios de estranha civilização

Não se afobe, não
Que nada é pra já
Amores serão sempre amáveis
Futuros amantes, quiçá
Se amarão sem saber
Com o amor que eu um dia
Deixei pra você