E tem mais...

(...)

Um monte de coisa misturada..

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Qual é o meu problema?

Uma pergunta recorrente: "qual é o meu problema?" Eu tento entender as pessoas de forma lógica. A lógica é composta de fatores concretos, imutáveis, por que então, justo nesse momento eu busco uma ciência tão ineficiente? Será que realmente sabemos o que queremos ou vivemos refém dos desígnios do inconsciente? É cansativo buscar lacunas, atos falhos, auto sabotagem...é como se coexistíssemos com agentes duplos dentro de nós mesmos. A arte de pensar é a arma que mata a forma natural de deixar o fluxo da vida seguir. Nossa racionalização coloca barreiras na queda fulminante - natural para os menos dramáticos - da vida. Buscamos organizar uma bala lançada - será que a tal da bala tem seu destino pré definido? Seria trágico para não dizer irônico. É burrice nossa, mas quem nos culparia por nossa frustração? Talvez a vida seja muito longa para navegar em águas suaves. Talvez o inferno não sejam os outros, não Sartre, o inferno sou eu.

Aufwiedersehen!

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

A primeira pessoa que eu abracei nesse ano foi minha mãe. Há muito tempo, quase uma década eu não passava a virada do ano com os meus pais, eu preferia sempre uma praia, uma casa capenga e sem água, um porre em qualquer outro lugar - nada errado com isso, foi uma delícia enquanto durou, eu estava com amigos queridos, sempre. Dessa vez não por vontade, mais por falta de condições mesmo, eu fiquei no interior, na casa dos meus pais. Eu contei que eles são maravilhosos? Adjetivos...palavras vazias, nunca me dei muito bem com eles, adjetivos cobrem lacunas na vaidade, como pedaços de papel na chuva, logo eles não servem pra muita coisa. Meus pais são rochas, um abraço. Meus pais são a melhor coisa que já me aconteceu. Eu estava amargurada no final de 2013, a mulher que eu costumava ser se afogava na carcaça de um ser mesquinho, sem nada pra oferecer. Eu era, internamente, a contradição maior do que acontecia à minha volta: celebração, amor, satisfação e alegria. 

Eu tentava voltar pra qualquer atmosfera que fosse de esperança, então usei a saia verde. 
Não sou masoquista ou obsessiva, não fazia sentido continuar aquele ciclo inútil de auto-laceração psicológica, meu corpo pedia arrego, sossego e paz. Então eu usei uma blusa branca. 
Conversei com a minha vó, e ela me contou sobre uma garotinha obediente, que costumava carregar flores nas mãos para depois entrega-las às pessoas na rua. Eu quis recuperar o romantismo dessa garotinha, então eu usei uma calcinha rosa. 
Eu nunca fui supersticiosa, nunca acreditei em signos, e me afastei bastante de Deus, apesar da minha educação tão próxima a Ele e a Nossa Senhora, mas nesse ano eu quero acreditar em tudo novamente, apesar do ser humano e das instituições. 
Nesse ano eu quero recuperar a minha fé, principalmente em mim mesma.

Aufwiedersehen!

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

A Paciência

Paciência é engolir sapos
é iludir-se pela diplomacia
É deixar o confronto pra depois
é postergar
paciência é acreditar que tudo o que você quiser o cara lá de cima...
é esperar que o universo se encarregue
paciência é a preguiça bem vestida.

No lugar da paciência eu escolho a fé,
a confiança nos meus valores e escolhas
a confiança até mesmo na minha falta de coerência e no meu direito de pedir perdão e me reinventar
a vida não são dias corridos por maior que seja a correria
a vida é feita de momentos pontuais
timing
chances que passam.
Portanto não, não me deseje paciência,
deseje-me sorte, inspiração e coragem.

Aufwiedersehen!

domingo, 5 de janeiro de 2014

Os perigosos babacas

Comecei a ler um artigo escrito pelo recém contratado colunista da Veja, Felipe Moura Brasil e senti o meu estômago revirar. Eu tive acesso ao texto: "Beleza e pegação", através do facebook de uma das minhas melhores amigas, que também estava perplexa com a ignorância daquelas palavras publicadas em um veículo de grande visibilidade. Imagino que essa minha amiga, por sua vez grávida de uma menina, deva ter se sentido ainda pior que eu, pensando que entregaria sua garota a um lugar onde se publicam ideias como aquelas que lemos. Eu fiquei preocupada com a gravidade, a frivolidade com que o senhor Felipe colocou a questão sexual feminina e masculina, tratando de simplismos como coeficiente de beleza, ou termos como "mulher para casar". Temos uma bela safra de escritores, homens pela causa feminista, ainda tão cheia de lutas a serem travadas, homens que iluminaram o meu modo machista de ver o mundo, e principalmente, a mim mesma. É uma libertação enorme saber-se mulher, saber-se dona de si, e melhor ainda, saber que existem homens e homens, e que esse tipo que enxerga mulheres por categorias, não merece nem um segundo do nosso tempo, Deus me livre ser uma dessas "mulheres para casar" desses homens.
Então eu leio, Leonardo Sakamoto (https://www.facebook.com/leonardo.sakamoto?fref=ts), e Alex de Castro (https://www.facebook.com/AlexCastroEscritor), e brindo esses homens que vão pouco a pouco quebrando paradigmas antigos.

Eu não quis odiar o Felipe, fiquei aqui comigo pensando, quantos anos será que ele tem? Será que ele ainda não sabe?Ninguém contou pra ele? Então eu lembrei que a idade muito pouco tem a ver com a humildade. Há muitos babacas por aí, eu já fui babaca algumas vezes na minha vida, assumo. O problema está nos babacas com voz. Os babacas que se fazem ouvir. Esses babacas são perigosos. 

Eu queria que algum dos ótimos meninos do Papo de Homem (http://papodehomem.com.br/), um dos melhores blogs da atualidade, pudessem escrever uma resposta ao Felipe, com todo o embasamento que eles têm sobre isso, mas eu fiquei tão nervosa, que eu resolvi voltar, e ler, à despeito de todo o meu enjôo moral, social, e patológico mesmo, o texto do Felipe, tentando ser imparcial, tentando entender seu  ponto de vista, afinal de contas, ele tem direito de ter a sua visão das coisas, de falar sobre isso, e ainda assinar seu nome embaixo, e a liberdade de expressão vem tanto para o bem quanto para o mal, tratam-se de visões, e isso é conquista nossa. (Em tempo, troquei e-mails com o Alex de Castro, e ele sabiamente me aconselhou a deixar esse assunto quieto a dar ainda mais voz pra esse tipo de ideia, mas aqui entre nós, no meu tímido blog, eu quis deixar marcada minha insatisfação).

Felipe começa assim: "Há um coeficiente mínimo de beleza física que o desejo de cada homem impõe para que ele se relacione com uma mulher." 
A primeira frase é sempre muito importante nos textos, e essa frase determina toda o ponto de vista que Felipe dá ao seu artigo. O desejo do homem, e como a mulher pode girar em torno disso, conseguindo o que quer. O sujeito é claro nesse caso, a mulher sobra como mero complemento de frase, um ser em forma de adjetivo: feia, gorda, bonita, periguete.
À medida que eu relia o texto, meu enjôo ia dando lugar a uma tristeza enorme, a uma vontade de chorar, por que, como ele diz: “Este coeficiente aumenta de acordo com o grau de compromisso da relação a ser estabelecida. Para dar um estalinho em micaretas, por exemplo, normalmente é baixo; para casar, o maior de todos (ainda que, em alguns casos, o maior seja o para trair).Esse pensamento é concreto, a tristeza é saber que ele ainda faz parte da mentalidade da maioria dos homens e mulheres. Essa é a parte triste da história. Um babaca fala por outros babacas. A grande sacada disso tudo, como o Sakamoto gosta de colocar, não é ter raiva, ou xingar essas pessoas, por que elas na verdade são dignas de pena, a ignorância que as leva a enxergar a sexualidade e os relacionamentos dessa forma, é mais nociva ainda pra elas, e também pra eles, por que os homens também perdem muito com o machismo.

Aí Felipe coloca uma cereja no bolo, com o que é dito e redito no decorrer de nossas vidas, e vale lembrar, um aconselhamento estritamente direcionado ao sexo feminino, os meninos estão livres dessa: “Valorizar-se, diga-se, não é esnobar, como se pensa, mas conhecer e deixar-se conhecer sem se entregar fisicamente.

Felipe termina, concluindo o que eu já suspeitava, ele não faz ideia da premissa que ele queria defender no texto, além de ignorante, ele é irresponsável, por que joga ao vento as maiores idiotices que fazem parte da nossa educação, e depois sai de fininho pedindo que todos ponderem sobre suas escolhas. Felipe: cuidado com o que você diz, e nunca mais cite Milan Kundera. Você claramente não leu, ou entendeu errado o que ele disse.

“Nada contra quem se pega, nem contra a pegação. Mas há um coeficiente mínimo de discernimento e responsabilidade pelas próprias escolhas que pegadores e recalcados de ambos os sexos poderiam ter, em nome de uma convivência mais saudável.

Não vale a pena ter raiva e divulgar um cara como esse, vale a pena contra atacar com mais Sakamotos, Alex de Castro, e também na nossa luta diária, por que isso não é engraçado, isso é perigoso.

Aufwiedersehen!!