E tem mais...

(...)

Um monte de coisa misturada..

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

40 meses...

Eu nunca vou esquecer o meu primeiro dia de trabalho, no primeiro emprego sério da minha vida. Eu fui recebida por uma moça muito simpática que me mostrou minha sala, que eu dividiria com minhas duas chefes, mulheres que naquela altura da vida eu via com um medo enorme banhado de respeito. Uma delas tinha acabado de ter uma filha, e a outra era uma daquelas cidadãs do mundo, com um currículo enorme e estrelado, que curiosamente na vida pessoal assemelhava-se muito a essa caipira, na época uma menina de 24 anos, que vos fala. É sempre chato o começo. Você não conhece as piadas por que internas, você não conhece as ironias, as frases nas entrelinhas. Você não tem aliados. Você está sozinho. Eu tenho poucas reservas na vida, mas uma em especial é o receio de ter refeições com pessoas com as quais eu não tenho muita intimidade. Nesse primeiro dia eu fui chamada para almoçar, e resolvi aceitar muito nervosa o convite, ficaria chato não faze-lo, eram meus chefes, cinco sócios no total, e eu no meio deles, toda trêmula e medindo minhas palavras. Eu tenho dificuldade para medir as minhas palavras, mal sabia eu que de três anos pra frente daquele almoço, medir palavras, e saber lidar com sentimentos extremos seria uma habilidade conquistada com muito stress e alguns choros abafados no banheiro. Nesse almoço do primeiro dia, a cara de pau, a moleca travessa de Araras, recém saída da faculdade de relações públicas no centro-oeste paulista, tinha isso mais uma vida na Alemanha no currículo. Nada ruim para aquela altura da vida, mas eu deseja mais, eu queria poder dizer mais, como sempre, eu pensava que podia ser bem melhor. O que eu teria pra falar? Eu me lembro que peguei o meu prato, e tive a permissão de sentar à mesa com os adultos, e como no primeiro ato de um filme, fui sendo apresentada àquelas personagens. E como no primeiro ato de um bom filme, eu fui me afeiçoando completamente por cada um deles. Eu lembro de ter pensado, rezado baixinho talvez, para que aquele trabalho desse certo, para que eu conseguisse ficar amiga daquelas pessoas. Engraçado pedir isso com esse fim, era um trabalho afinal de contas, algo profissional, sério. Eu ainda não tinha a ambição da carreira, a ambição de São Paulo, de pagar por roupas e restaurantes finos. Eu estava chegando nesse mundo, a pequenina Vila Madalena era grande e glamourosa na época, inalcançável. Eu só queria criar outra família, por que é assim que eu funciono. Eu sou uma criadora de famílias, assim que eu cresci e aprendi a ser feliz, em meio à família, e talvez seja esse o sentido da minha vida. Hoje eu percebo que esse filme que desde o princípio me pareceu tão promissor, é realmente uma daquelas séries com muitas temporadas, daquelas séries tão maravilhosas que o público clama para que nunca acabe. Se eu consegui ficar amiga deles... Aufwiedersehen!

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Você trocaria de lugar?

Estávamos em família esses dias comentando como as propagandas publicitárias da atualidade estão fracas, e então começamos a pensar quais as melhores - ou menos piores - que assistimos nos últimos tempos. Lembramos do exemplo das Havaianas, tem o filme da francesa, que se anima olhando uma revista sobre o Brasil, passando pelos pontos turísticos, as brasileiras sandálias anunciadas, até as mulheres trajando seus conhecidos, mas pouco vivenciados minúsculos biquinis, então ela muda de ideia e decide falar para o marido que eles vão passar a lua de mel na verdade em Veneza. Tem a outra do Cauã Reymond com o cachorro, todas com uma mensagem simples e certeira, terminando com um sorriso fácil do nosso lado da tela. A última delas, na praia, mostra a atriz, estilo garota "next door", tipo gente como a gente, que senta-se na praia toda feliz, e combina com o namorado por telefone que estaria no posto tal, quando vê surgir do mar, a nada next door girl Débora Nascimento, morena de olhos verdes, corpo escultural...Do "oi tudo bem" da simpática sereia para a nossa garota, a segunda decide mudar de posto sem pestanejar, avisando ao namorado. Eu ri, e talvez, suspeito que a maioria das mulheres riu. Eu fiquei imaginando depois quantas realmente se identificaram com aquela atitude, eu sei que eu me identifiquei, minha cunhada que assistia comigo também, até que minha mãe lembrou de uma pequena garota (uma anã que gosta se refiram a ela como "pequena"), e que tínhamos assistido no programa da Regina Casé (uma verdadeira aula na tv aberta). Essa "pequena mulher", uma passista da escola de samba e vestida como tal, com o corpo toda à mostra, estava mais confortável e sentindo-se melhor naquele palco, na frente de todas aquelas pessoas, do que eu já me senti na vida toda com o meu corpo, e olha que ela estava no na televisão. Minha mãe disse: "Duvido que a anã da Regina sairia do lugar na praia, tenho certeza que ela ficaria lá e ainda responderia ao bom dia da moça". Isso me fez pensar, e como sempre, eu fiz toda uma auto análise, voltando aos primórdios da minha formação como mulher. Eu demorei pra perceber que eu não poderia ficar para sempre defendendo os homens, que eles estão do lado oposto ao nosso nesse "jogo" dos relacionamentos. Não foi fácil pra uma garota que sempre gostou de ouvir a versão "deles" das coisas, que sempre se sentiu mais a vontade, ou talvez menos entediada na presença dos meninos. Hoje em dia eu penso que não são eles nossos inimigos, e perdoem-me o tom auto-ajuda/pregação cafona, me parece que o grande inimigo somos nós. Nós não nos enxergamos com bons olhos, para dizer o mínimo. Digo isso por mim, digo isso pela maioria das minhas amigas. Usamos paliativos para arrumar o arrombo que temos na nossa auto-estima (desconfio que essa deficiência pode se localizar em algum lugar no cromossomo X extra que carregamos), pode ser um elogio ou olhares na balada, pode ser uma perda de peso, ou uma boa hidratação no cabelo, um vestido novo, tudo isso, ou só isso, é temporário, e não sustenta um troço que se chama auto confiança, essa é mais complicada. Vi esses tempos em uma daquelas citações de celebridades de revista: "Não gosto da minha barriga, ela poderia ser mais reta, não é como a da Gisele ou da Izabel". Qual não foi minha surpresa ao ver que a autora da frase era a super model Isabeli Fontana. O X a mais não veio pra brincar mesmo. Aufwiedersehen!!

terça-feira, 13 de novembro de 2012

O caminho por onde ninguém vai

Em algum momento da minha vida eu fiquei a observar um grande grupo de crianças de minha idade seguindo por um caminho, dai eu pensei, se todo mundo está indo por esse caminho, esse caminho deve ser bem sem graça. Olhei pro outro lado e vi uma passagem deserta, ninguém ia por lá, e então esse lugar largado e esquecido de repente me fascinou. Eu pensava, o que pode haver de diferente em um caminho por onde ninguém passa? E a vontade de atravessa-lo foi tanta, mas tanta, que me paralisou. Essa sensação às vezes volta para depois passar deixando déjà vú. Aufwiedersehen!

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Dia da juventude

Aparentemente ontem foi o dia da juventude. Não me surpreende um dia com um tema tão abstrato, parece que para 365 dias, temas é que não faltam inventar para o bem ou para o mal, celebração é a ordem do dia, perdoem-me pelo trocadilho. Eu não sabia desse dia, bem como não sei da maioria dos dias, tenho problemas para decorar datas, aprendi a não sentir culpa por isso, facebook está ai para nos ajudar, e se a pessoa não deixa a data do aniversário na rede, ou se ela ou ele não são conectados, paciência, eu aprendi que existem coisas que eu simplesmente não consigo fazer. Gosto que me avisem, sempre, por que eu adoro comemorações, as adoro tanto que chego quase a achar que a vida é feita delas, e então entra o tema de ontem, a juventude. A juventude entende que a vida é feita de comemorações, talvez tenha que ser assim, se fosse justo seria, mas temos tempo demais para comemorações, e a grande graça delas talvez esteja na baixa periodicidade, tirando a faculdade, isso é outra coisa, outro assunto, outra dimensão. Eu soube do tema de ontem pelo discurso do padre na homilia que assistia na missa com meus pais, em minha cidade natal. Estávamos eu e meus velhos, como gosto de chama-los, a ouvir um padre baixinho que a despeito do microfone que portava na lapela falava cada vez mais alto, bem alto à 10h de um domingo demasiado ensolarado. Eu sinto falta da energia da igreja, sinto falta do conforto que aquelas palavras antigas me trazem, e foi isso que encontrei nesse domingo, até chegar o final da celebração. Esse mesmo padre, com a desculpa do dia da juventude, chamou os "jovens"ao altar. Eu como uma menina bem bicho do mato que posso ser, fiquei mal humorada, e quase infantil escondida ao lado de minha mãe achando tudo muito ridículo e fazendo biquinho. Minha desculpa rápida para o momento era "Eu não sou jovem." Na consequência daquela pequena irritação matinal veio o chiste, disse ao meu pai crente tê-lo como cúmplice de sarcasmos, "Se eu vou ser considerada jovem, quero minhas não preocupações dessa época de volta, por que convenhamos que jovens não ficam aflitos com o futuro como eu estou agora". Meu pai respondeu com o sorriso de sempre, aguardando talvez minha próxima mudança de humor. Foi com esse pensamento sobre a juventude que eu voltei para a metrópole. Sou a primogênita de três, e meus irmãos não cansam de brincar com a minha mudança de comportamento atual, me chamam de "tia", de "velha". Eu aproveito a deixa para resmungar a vontade. A verdade é que as tais celebrações que eu acredito que os jovens buscam sem cessar, foram as celebrações que eu incansavelmente busquei até pouco tempo atrás. Se ser velha é dormir cedo e com vontade, ou exigir conversar apenas com quem olhe nos olhos, ou talvez sair de casa em um sábado a noite só se for para ouvir uma música que me agrade e que eu possa dançar, então sim, eu sou velha, talvez uma velha que falha, por que eu ainda passo por algumas dessas situações, para depois pensar, eu não quero mais isso. Talvez eu esteja seduzida com essa ideia de ter a desculpa para fazer o que eu bem entender. Não, eu não ainda não sou velha eu sei, mas eu também não sou mais jovem. Talvez eu esteja mesmo nesse meio termo, chato, indeciso e sem glamour, denominado adulto. Audwiedersehen!!

sábado, 13 de outubro de 2012

O que os olhos não vêem...

A verdade é superestimada. Superestimada por que ela mal pode ser mensurada. O que seria a verdade? Uma realidade? E o que é a realidade senão aquilo que percebemos através dos nossos sentidos como tal? Mesmo assim, o meu sentido é diferente de fulana, que é diferente de sicrana, multiplicado à décima potência. Em casa e na escola aprendemos que mentir é feio. Aprendemos que omissão é a mesma coisa que mentira. Eu acho que focamos nos problemas errados, e ao invés de resolver o problema em seu fim, ficamos discutindo conceitos e teses que não chegam a lugar algum. Eu ando pensando sobre a verdade. Ando pensando ainda mais sobre a ignorância e como ela pode ser a resposta para muitos de nossos problemas. Engraçado que eu vejo essa característica nos mais velhos, e também não entendo por que não nos sentamos e fazemos consultoria com nossos avós, é óbvio pensar que eles conhecem muito mais, já viveram a maioria dos dilemas pelos quais ainda vamos passar, e quando se trata de gente não há modernidade que desconfigure a essência do que somos,eternos perseguidores da felicidade. Todos tentamos encontrar um sorriso no fim do dia, mesmo por que o sorriso durante o dia valorizado nunca foi. A ideia é chegar bem no final. E então eu penso nos doentes terminais, cuja espera nada mais é que a morte, e para trás problemas e mal entendidos que invariavelmente eles tentam consertar, afinal, o moribundo é o santo por definição. A vida se resume então a continuar respirando, atender às necessidades básicas e biológicas, e demais frescuras que usamos para ilustrar a passagem, bens supérfluos como música e arte. E antes, o que era? E então há o amor, essa coisa indefinível e capciosa. Dizem que os animais sentem, mas eu ainda prefiro segurar a ideia de que somos especiais na existência do amor. Na existência da escolha. Aquele clique que surge em uma amizade ou em um grande romance. Eu não consigo crer, e muito mais, eu não sinto dentro de mim que tudo isso que sentimos, ou pensamos que sentimos, só pode ser uma configuração de interesses aleatórios da natureza. Isso é alma, isso é Deus. Volto para os doentes terminais e suas dores da doença que os consome. Esses doentes são acalentados pela anestesia, para um fim sem dores, aquelas mesmas dores que existem para nos proteger durante a vida, persistem já sem utilidade quando se encara a morte. O adjetivo anestesiado define a pessoa que não sente a vida, que não toma partido, mas eu nesse momento defendo o uso mais recorrente de anestesia no decorrer da vida, para que ao invés de ver e senti-la como ela é, possamos ir direto ao ponto, em direção ao amor. Muitos defendem a verdade como realidade, mas pra que encarar essa suposta realidade, se ela é feia e triste e só faz nos deixar ainda mais miseráveis e amargurados com nós mesmos? Somos mesmo assim tão masoquistas? Eu tenho feito uso recorrente da ignorância, que é um exercício de inteligência, nós não precisamos saber de tudo, de todos os detalhes, todas as horas. Nós devemos focar no que realmente importa, e deixar as ditas injustiças, mentiras e enganações para o universo, ou se preferir, para a própria vida resolver. Caos e sofrimento vão acontecer de qualquer forma, e para o nosso crescimento. Somos infelizes por que somos impacientes, e eu que nem vivi tanto assim já cansei de ver que se você conta a verdade que você acredita pra si mesmo, se você é honesto e segue confiante e paciente com a vida, tratando as pessoas com respeito, ela se encarrega de trilhar o melhor caminho, aquele que nem você mesmo imaginava, talvez bem latente em algum sonho, transmutado ao acordar em doce déjà vú. Talvez não seja o amor que nos torna especiais, talvez seja essa pulguinha chamada ansiedade. Aufwiedersehen!

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

O certo

Eu queria voltar a escrever. Sinto o desanimo tomar conta de mim, e pior do que o desanimo, sinto a covardia que me abraça languidamente com a compaixão que vem de tudo que não nos faz bem. Escrever é enxergar-me por dentro e isso pode ser cruel. Eu saberia que eu não acredito em muita coisa que eu costumava acreditar. Eu de repente ficaria sem o ópio para continuar a rir e isso é triste e eu não quero. Eu volto a sentir a urgência de mudar dentro da coerência infundada do ser humano. Fixação essa que temos de seguir, de nos sentirmos extremamente felizes e satisfeitos. A verdade é que a satisfação e a alegria vêm mesmo da procura. Veja bem que verdade profunda e bonita eu acabei de escrever. Dessa afirmação vem o meu desânimo e um sorriso cético perpassa meu rosto. A amargura dedicada aos velhos já me pegou, sinto-me então velha e cansada, querendo aposentar-me. Ai, como me parece doce a vida daqueles aposentados, e como os velhos e aposentados multiplicam-se nos tempos atuais do verdadeiro progresso. Afinal de contas precisávamos mesmo de colo, o povo brasileiro não conseguiu crescer na luta, na educação conservadora do pai bravo. Nós crescemos da papinha que mamãe deu na boca. Num súbito me vem a vontade de sentar no banquinho e comer a papinha, enquanto um ventilador sopra meus cabelos em um doce dia de verão. Uma comichão dentro do estômago me interrompe de minhas lamúrias gostosas enquanto mamãe me faz cafuné, um empurrão surrupia todo meu corpo do estado de latência e me faz sair à luta. Dizem que essa urgência vem do espírito, outros que vem dos livros uma vez lidos, eu realmente não sei, não sei se é bom, se é ruim, se é isso mesmo que nos resta da vida, trabalhar fechados em um escritório, por que para nós mortais o trabalho fechado em um escritório com ar condicionado é o que traz o real sustento, e como precisamos de sustento quando nos acostumamos com certo nível de vida. Todos nós brasileiros nos acostumamos a certo nível de vida, mas será que isso é certo? Então me resta pesar por não poder mais ter a doce ilusão de regressar, de precisar de menos, por que de menos já precisamos, só não conseguimos mais entender. Aufwiedersehen!

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Mais uma história de amizade

Dizem que a vida é a arte do encontro, ou do reencontro. Outros dizem que isso é um clichê. Se clichê significa aquilo que é muitas vezes repetido, que esse clichê do reencontro perdure, pelo menos em minha vida. Se tem algo que eu posso me gabar é que eu tenho muitos amigos. Amigos bons, daqueles que dizem ser possível contar apenas com os dedos de uma das mãos, eu preciso de mais de uma das mãos para contar os meus. Aqueles que sabem tudo das nossas vidas, que sabem todos os "podres", aqueles que arriscam fazer a brincadeira mais pesada por que têm certeza absoluta que a amizade vai além disso, chega quase no limite do sangue. Todos sabem a definição. Acredito que a maioria das pessoas já tenha experenciado a plenitude de uma verdadeira amizade. Eu ainda posso dividir os meus entre os "de infância", "de faculdade",e "de trabalho". Uma dessas amigas de infância, aquela das fotos mais embaraçadas, com roupas ridículas de outra época, e o cabelo então, nem se fale. Uma dessas amigas está para se casar, com outro grande amigo meu para a minha felicidade. Jantamos pela última vez com ela morando em São Paulo. O jantar, apesar de leve, entre risadas e cervejas, guardava um pacto que travávamos no olhar, ela estava nostálgica. E o que é nostalgia senão uma tristeza misturada com saudade misturada com felicidade? Ela era nostalgia ontem. E ao lado dela eu voltava para aquela menina que eu fui quando cheguei na cidade grande, há três anos. Ela era, minha amiga, o ponto de referência. Por mais que eu estivesse há 200km dos meus pais e família, por mais que eu estivesse ao lado de muitos amigos da faculdade, ela foi a bússola que me deu perspectiva entre milhões. A ela eu devo essa adaptação surpreendentemente rápida na metrópole, a ela devo várias risadas, várias histórias, várias brigas também, a ela eu devo o reencontro que me fez encontrar a mim mesma dentre tantos. Eu não fiquei sozinha por um segundo em São Paulo, desde o começo, e isso eu devo a ela. Seja feliz amiga, de volta para o nosso querido interior, paciência, paciência, paciência e luz!E finalmente, obrigada. Aufwiedersehen!

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Melancolia

Fleumático, Sanguíneo, Melancólico e Colérico. Há um tempo minha mãe havia me apresentado a esses quatro tipos de temperamentos baseados nos fluidos do corpo humano. O sanguíneo era aquele cara que vivia de bem com a vida e esquecia facilmente o que acontecia com ele, tanto para o bem quanto para o mal, ele vivia o presente. O colérico era o cara nervoso, explosivo, que também vivia o presente, mas tinha um pouco mais de dificuldade de esquecer, o famoso chapa quente. O fleumático era tranquilão, um bom amigo que tinha o costume de manter tudo na paz, o cara agradável e sem complicações. Finalmente o melancólico, o sensível, o dramático, mas como minha mãe costumava frisar: o melhor amigo que alguém poderia ter. Na época chegamos à conclusão de que eu era fleumática. Eu lembro que achei cool ser fleumática, e pensei é isso ai, sou tranquilona, desencanada, uma garota de boa que curte conversar com meninos e não leva nada muito a sério, uma hedonista eu havia lido em algum lugar, alguém que curte viver o prazer da vida, afinal, não vamos sair vivos dela mesmo. Essa decisão eu posso ter tomado antes de fazer os testes, mas isso é mesmo irrelevante para o momento. Então eu tentava ser feliz e amar e tratar bem as pessoas à minha volta, uma vida o tanto quanto digna eu diria. Logo depois desse teste lá no antigo colegial, eu fui pra faculdade e então decidi fazer uma tatuagem, e decidi ter o direito do ir e vir, de pagar minhas contas, de ler coisas loucas e acreditar naquilo piamente, de parar de ver televisão, de usar saias longas tie die acompanhadas invariavelmente de sandálias rasteiras de couro ou grandes brincos de pena. Era 2004, meu primeiro ano de faculdade, eu tinha 18 anos e estava no paraíso, não parecia haver felicidade maior, até que um ex namorado, o único ex que eu tive até agora faleceu. Eu recebi a notícia em um domingo, prestes a voltar para Bauru. Aquilo me pegou de uma forma que eu nunca soube explicar ou entender, eu era uma garota querendo ser gente, eu era uma menina patinando na vida e querendo ser feliz. Demorei pra perceber que ser feliz e nada mais era pedir demais, por que o nada mais que eu queria deixar de lado era toda a vida e suas complicações, e suas pessoas, e suas dores, e suas conversas sérias e muitas vezes formais das quais eu fugia como o diabo da cruz. Naquela época era fácil fugir, e eu tenho fugido desde então. Interessava-me o modo como eu dizia e ainda digo sem medo ou receio como eu não tenho medo de morrer, ou como me amedontra o fato de viver demais. Acontece que eu descobri que tudo isso se deve ao fato de que a vida pra mim é um peso. O meu livro preferido, à luz de todos os meus autores e momentos literários é A insustentável leveza do ser, de Milan Kundera. Esse checo me tocou como ninguém havia antes, nesse enredo meio romance, meio filosófico, meio sociológico, meio histórico, que ele conta que a medida de leveza ou peso das coisas todas pode ser considerada boa ou ruim de acordo com a situação, e que existem pessoas leves e pesadas. Saindo da analise eu me peguei pensando em Kundera. Tudo por que eu havia lido uma noticia sobre uma senhora inglesa de 112 anos. Eu não me lembro da noticia, só me lembro de sentir o horror de todo o esse tempo, pra depois perceber a angústia que eu tinha e tenho de viver. Pra lembrar que eu me assusto fácil, que qualquer tipo de conflito me dói, que eu me envergonho e me sinto vulnerável 90% do tempo. Pra reconhecer o esforço que eu venho fazendo desde muito nova para parecer o contrário. Eu lembrei da minha mãe e do colegial, eu era afinal melancólica. Eu sofro e sinto e reajo e rio com cada molécula do meu corpo, eu não consigo ser diferente, minha felicidade é exultante, enquanto minha tristeza é aterradora. Eu sou uma exclamação e não reticências. Eu não tinha tempo de sentir essa dor antes, e comecei a senti-la agora com o crescimento. Com a responsabilidade. Eu estou muito sóbria, muito analisada e ciente para evitar o que eu realmente sou. Chega a dar alívio. Em um súbito lance quase me abracei e disse muito prazer. A garota descolada e tranquila, e feliz e agradável do interior é um peso sobre seus próprios pés. É bom reconhecer de onde puxa essa dor de carregar. É bom olhar pro espelho sem anestesia. É bom olhar para os meus amigos e enxergá-los como não extensão de mim, mas como seres humanos que eu amo. É bom e ao mesmo tempo é tão difícil. Que Deus esteja comigo, e que Freud me dê uma pausa. Aufwiedersehen!

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Eu tive carro por uma semana em São Paulo

Eu sempre disse a quem quisesse ouvir, ou melhor, afirmei peremptoriamente (adoro essa palavra), que nunca teria carro em São Paulo. Afirmação chique aqui no meio do nosso país de terceiro mundo em ascensão, economia forte, dos amigos Lula e Maluf. A verdade é que eu cheguei a um ponto que sim, eu posso de repente me dar ao luxo (palavra usada para descrever itens desnecessários para a nossa prima sobrevivência), de ter um automóvel. Eu seria no caso, uma das milhares de pessoas que sozinhas decidem dirigir pela metrópole xingando seres humanos aos quatro ventos, que orgulho! Combinei cá com meu velho de viver essa experiência tão corriqueira para tantos, porém tão espetacular para a grande maioria, de possuir um carro para locomoção durante uma semana inteira de dias úteis. Meus pensamentos eram do tipo: óbvio que eu vou amar e transformar toda a minha existência a partir do próximo sábado, ou vai ser dificil voltar pra a realidade (morar há 10 minutos de ônibus e/ou 30 minutos a pé do trabalho é dureza..). ou, vou ter que voltar a andar de metrô, ônibus, simplesmente na calçada vão se tornar experiências horrorosas depois de viver o paraíso de ter sua própria existência e intimidade e música e ar condicionado em cima dos próprios pneus. Como todos os primeiros pensamentos eu errei nesse. A vida com carro me decepcionou, além do "auto" (hã hã) fracasso, o fracasso sociológico pesou. Ficou difícil ter amor a qualquer próximo, seja ele a velhinha barbeira do carro ao lado, seja um marromzinho marrento na rua, sejam os pobres e meus ex parceiros de luta, os pedrestes, e por incrível que pareça, foi dificil ter amor aos motoboys, pessoas tão simpáticas. Engraçada é a mente dos inexperientes, seja a inexperiência escolhida o trânsito de São Paulo, o sexo, o trabalho, esse descobrir é sempre uma confusão de ideias que se contradizem, misturadas com pânico, medo, as vezes excitamento por alguns momentos. Como brinde - e quem foi que pediu a experiência pela metade - lá pro final da semana, eu me achando vitoriosa, acabei caindo no clichê de deixar o farol ligado, o que acarretou o fim da bateria, o que me deixou na rua a esperar por 40 minutos o moço da chupeta. Vou jurar até o fim que eu bati o joelhinho na luz do farol que ficou ligada por mais ou menos 6 horas. Por pontos positivos (e sim Polyanna, chegou a sua parte), eu recebi só nesses cinco dias de experimento uma aula de direção, com atenção (leia-se coração acelerado full time), e cidadania (mentira, isso eu não aprendi, aliás o lado a humano tende a diminuir proporcionalmente com aumento de horas de diração paulistana), fora os supracitados privacidade, e som próprio com músicas altas e cantoria para chamar de seu - afinal não é só o jow que deixa o funk ligado sem fone de ouvido no ônibus que tem esse sonho. Se eu ainda vou querer ter um carro, eu não sei, isso é decisão pra 2013, se o mundo, nós, a fumaça, os pedestres, e os motoristas ainda existirmos (os motoboys sobreviverão ao apocalipse e formarão uma nova raça), voltarei a pensar no caso. A experiência já tá valendo, como todas as experiências o são. Aufwiedersehen!

terça-feira, 26 de junho de 2012

Ode à uma gata

Imagino você ao ler esse título, você piscaria levemente seus lindos olhos com uma ironia meio misturada com graça e charme e petulância como só você era capaz de fazer, e pensaria, "como a tia Van é louca!Ela brincava muito comigo no começo, me apertava por demais, isso é verdade, mas eu preferia essa fase, na barulhenta Lins de Vasconcelos, quando a gente costumava se divertir, e liamos livros, e assistíamos a filmes (entre os quais ela derramava lágrimas pesadas em cima de mim no colo dela, enquanto me abraçava)...depois nos mudamos para um apartamento maior e silencioso, foi naquela epoca que a tia Van mudou comigo, ela foi pra um quarto grande e nossa, dentro do quarto tinha uma torneira só dela dentro de outro quartinho, aquilo era o paraiso. A tia Van me deixou dormir com ela na sua cama macia por alguns dias, mas de repente ela ficou diferente, e começou a fechar a porta, acho que ela se esquecia de mim. Eu como era muito mais esperta que ela (sempre fui), pulava a janela do quartinho para depois subir na cama dela de novo. Ela não entendia direito, mas ficamos assim por um tempo..durou pouco, e acho que depois a tia Van foi ficando dura, ela se fechava pra todos, e fechava todas as janelas, até a do quartinho de dentro do quarto, e ela não me apertava mais e não brincava mais comigo. Foram poucas as vezes que ficamos juntas depois da mudança, alguns dias ela me deixou deitar no colo dela assistindo a um de seus filmes. A última vez que brincamos eu nunca vou esquecer, mamãe estava passeando, nunca é bom sem ela por perto, mas foi um daqueles dias que ficam na coleção dos melhores da vida, tia Bela arrumava tudo a nossa volta e preparava as comidas mais cheirosas que um animal pode sentir, tia Gabi dizia coisas engraçadas em um lingua estranha que as vezes eu nao entendia, e a tia Van parecia  novamente aquela menina que me amava e brincava comigo da Lins de Vasconcelos, nesse dia ela me ergueu lá no alto e ficou me segurando, eu não gostava dessas brincadeiras dela, mas eu estava feliz que ela brincava de novo." Muito sol e estantes para você pular lá no além gata marrenta, você faz falta. Me desculpe qualquer coisa. Aufwiedersehen Marieta!!

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Brooklyn Bridge

Continuando... Hoje é sabado, dia 5 de maio, e eu acordei cedo para encontrar com a prima de um amigo americano + seu marido. Charity, que eu encontrei pela primeira vez munida de uma "umbrella" vermelha de reconhecimento, chegou com a mão estendida para a saudação natural dos gringos, o que eu também retribui não sem um posterior abraço do Brasil a ela e na sequencia ao seu simpático marido Kevin. Juntos passeamos pelo Brooklyn, que eles me explicaram e eu pude conferir, é um lugar mais quieto que a cidade, mas ainda com cara de cidade, nada igual ao reconhecido subúrbio (cara de reprovação). Depois de um brunch com panquecas gigantes, manteiga, caramelo, frutas e café, alem de muitas risadas com o adorável casal, fui devidademente direcionada à brooklyn bridge, que como Kevin inteligentemente me avisou, fica no Brooklyn, veja só! A ponte é gigante e o skyline com todos os edíficios de Manhattan é maravilhoso, mesmo e apesar da neblina que insistente cobria a cidade bem fora de hora na primavera. Sobre a ponte, pude ler em um dos painéis para turistas, que seu idealisador, o engenheiro John Roebling havia falecido em um acidente na construção, sendo sucedido pelo filho Washington, que como em uma maré de má sorte, ficou doente e nunca mais pôde visitar o local. A história ainda tem um final com a poderosa esposa e mãe Emily que acaba se tornando chefe da administração e consegue enfim terminar o projeto ousado de uma ponte suspensa começado pelo seu marido. Aufwiedersehen!!

segunda-feira, 21 de maio de 2012

MOMA

Continuando com os textos recolhidos das anotações, sobre sexta-feira dia 04 de maio: Foi com uma pontinha genuina de ansiedade que eu esperei pela sexta-feira em New York, mais especificamente pelas 16h quando eu poderia adentrar o Museu de arte moderna gratuitamente. Era uma das friday's night at the museum, e o encontro que me inspirava desde o fim das queridas aulas de historia da arte, era com o artista contemporâneo, da psicologia urbana (dai meu encanto), chamado Edward Hopper, cujos quadros venho admirando só pelas redes sociais mesmo durante algum tempo. Depois de esperar por uma fila de gringos, eu entre eles, adentrei o refrescante museu com suas paredes de vidro e pé direito alto. Como não estava lá a passeio, e pela primeira vez tinha realmente uma meta, corri logo voraz ao encontro do meu querido artista, pode-se imaginar minha decepção quando como única figura de sua autoria, achei em um corredor qualquer a enigmatica moça sozinha no cinema. Foi só isso que encontrei (não sem antes confirmar com uma das senhoras guardiãs dos quadros), mas nunca pensei me emocianar algum dia com uma obra de arte, foi maravilhoso. Feliz, mas ainda querendo mais, continuei pelo quinto andar tentando me encontrar em alguma das tantas salas assimétricas tão comuns a museus e que pra mim não fazem o menor sentido até me deparar com o laranja de Gauguin e suas nativas, fruto da fascinação que tinha com o inabitado, com o lugar fora da civilização, lugar esse que ele procurou sem mérito até o fim da vida. Logo ao lado, como não podia deixar de ser vejo o amarelo de seu amigo meio maluquinho, Van Gogh (o melhor do dia!), com seus girassóis tão ilustres. Na sequência encontro-me com o célebre Picasso, e talvez seja mesmo só isso o que eu tenho a dizer sobre ele. O quinto andar está cheio e insuportável, eu então decido descer ainda meio cabisbaixa para o quarto andar, e de longe vejo um grande quadro com três cores sobrepostas, é ele, o enigmático Mark Rothko. De perto consigo ver duas gotas de tinta que escorreram do azul primeiro para o amarelo segundo. Logo atrás em uma gigantesca tela retangular toda pontilhada em um coerente tom de preto, amarelo, bege e branco, reconheço Ed Harris, quer dizer, Jackson Pollock. Pelo corredor começa a pop art com su crítica ao superficialismo da vida colorida e iluminada que surgia na cultura da década de 70, temos o "pai" Andy Warhol e o fofo do Roy Lichenstein e suas pinups. O MOMA, como a maioria das grandes expectativas acaba ficando aquém do esperado, no final das contas pude matar mais a vontade de Rothko, Hopper e Lichenstein, entre outros mesmo, no gigante Metropolitan Museum, MET para os íntimos, lá na uptown ao lado do Central Park, onde você pode entrar com uma doação que você escolhe (eles indicam $25, eu pensei bem e acabei doando $5 pela minha aparição especial), e vale muito conhecer, ficar o dia todo, almoçar e jantar, e conhecer todas as fases artísticas de uma vez, educativo e prático. #ficaadica Aufwiedersehen!

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Central Park na primavera

Vou resgatando textos largados na notinha do celular, e que não puderam ser publicados em tempo real. "Hoje é sexta-feira dia 11 de maio de 2012, ainda falta um tempo para o sol se por às 18:07h da primavera que é o dia de hoje na cidade de New York. Sento-me no primeiro de nove banquinhos pretos de metal como os que nossas mães costumavam deixar ao lado do jardim na entrada de casa. É primavera e além de choverem os quase imperceptiveis polens das arvores, chovem clichês, já que estou na primavera no Central Park, olhando para uma  coleção de flores lilases e rosas à minha frente. Parece brincadeira, uma borboleta estampada de onça pintada acaba de posar sorrateira e rapida a ponto de eu apenas fotografa-la com im olhar, na lapela do meu terninho azul céu. Parece o universo tirando sarro do cinismo a brindar o tanto de alegria se encontra no cafona." Aufwiedersehen!

Las Vegas e o kitsch

Olá amigos, Não tive tempo de postar meus textos por aqui durante minha aventura na parte norte do nosso querido continente, mas escrevi algumas coisas e deixei guardado. Engraçado como podem ser as mudanças de humor, eu cheguei em meio a uma grande comemoração em Las Vegas recém saída do casamento da minha prima-irmã, todos estavam prontos e no ritmo de festa, eu na verdade não, para resumir a história eu já adianto que começa mal mas termina bem, para que todos saibam fiz as pazes com Las Vegas ontem mesmo. Seguem meus devaneios quanto à cidade seca das luzes. "Tentei começar a escrever algo sobre Las Vegas, mas por mais que eu tenha pensado em varias coisas, a tradução de sensações para a escrita ficou dificil. Las Vegas expõe o banal, a cidade iluminada das baladas, das historias épicas da juventude (ou não), da avalanche de elvis, merilyns, e todas as cópias possíveis que se pode imaginar, deu-me foi é medo. Um medo inexplícavel, por que incoerente. O medo que normalmente vem no escuro, na solidão, na iminência do perigo, veio para mim como a ameaça invisivel do suspense, mas não era o suspense do Hitchcock, era uma coisa erotica, fálica, escancarada, mas que não se mostra. Na cidade do kitsch, todas as nossas fantasias se pulsianam e ganham extremidades gigantescas, homéricas, o kitsch, o cafona, o exagero que poderia nos liberar do ideal culto, me amedontrou. Era o medo do sonho de aparecer nua na frente de todo o mundo, além do recorrente som dos capangas de cafetões e cafetinas no estalar dos seus panfletos com os cvs das prostitutas em cada esquina. O Flamingo, minha morada por dois dias e algumas horas, era a morte por falência geral dos orgãos anunciada. Todo esse escancaramento, quase escatologico me assustou, talvez eu tenha passado alguma fase fora do preciosismo da pureza." Aufwiedersehen!!
*Kitsch é um termo de origem alemã de significado e aplicação controversos. Usualmente é empregado nos estudos de estética para designar uma categoria de objetos vulgares, baratos, de mau gosto, sentimentais, que copiam referências da cultura erudita sem critério e sem atingirem o nível de qualidade de seus modelos, e que se destinam ao consumo de massa. Embora o kitsch apresente a si mesmo como "profundo", "artístico", "importante" ou "emocionante", raramente estesqualificativos são adquiridos por características intrínsecas ao 0objeto, antes derivam de associações externas que seu público estabelece. É uma expressão essencialmente figurativa, sendo difícil detectá-lo nas artes abstratas, pois depende de um conteúdo narrativo para exercer seu efeito.(...) fonte wikipedia.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Auto amor

Eis um exercício que venho aprendendo a praticar, e que surpreendentemente tem se mostrado a resposta para a maioria das minhas angústias, o exercício de aprender a amar não somente a imagem, mas o ser humamo que você vê no espelho.
Com a palavra, o mais doce palhaço mudo do mundo.

Quando me amei de verdade, compreendi que em qualquer circunstância, eu estava no lugar certo, na hora certa, no momento exato. E então, pude relaxar. Hoje sei que isso tem nome… auto-estima.
Quando me amei de verdade, pude perceber que minha angústia, meu sofrimento emocional, não passa de um sinal de que estou indo contra minhas verdades. Hoje sei que isso é… autenticidade.
Quando me amei de verdade, parei de desejar que a minha vida fosse diferente e comecei a ver que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento. Hoje chamo isso de… amadurecimento.
Quando me amei de verdade, comecei a perceber como é ofensivo tentar forçar alguma situação ou alguém apenas para realizar aquilo que desejo, mesmo sabendo que não é o momento ou a pessoa não está preparada, inclusive eu mesmo. Hoje sei que o nome disso é… respeito.
Quando me amei de verdade comecei a me livrar de tudo que não fosse saudável… Pessoas, tarefas, tudo e qualquer coisa que me pusesse para baixo. De início minha razão chamou essa atitude de egoísmo. Hoje sei que se chama… amor-próprio.
Quando me amei de verdade, deixei de temer o meu tempo livre e desisti de fazer grandes planos, abandonei os projetos megalômanos de futuro. Hoje faço o que acho certo, o que gosto, quando quero e no meu próprio ritmo. Hoje sei que isso é… simplicidade.
Quando me amei de verdade, desisti de querer sempre ter razão e, com isso, errei muitas menos vezes. Hoje descobri a… humildade.
Quando me amei de verdade, desisti de ficar revivendo o passado e de preocupar com o futuro. Agora, me mantenho no presente, que é onde a vida acontece. Hoje vivo um dia de cada vez. Isso é… plenitude.
Quando me amei de verdade, percebi que minha mente pode me atormentar e me decepcionar. Mas quando a coloco a serviço do meu coração, ela se torna uma grande e valiosa aliada. Tudo isso é… saber viver!(Charles Chaplin)

Aufwiedersehen!

quinta-feira, 15 de março de 2012

Zefa

Débora e Neto, Neto e Débora. Guerras são decretadas entre duplas artísticas pela escolha de quem vem primeiro na denominação. Neto veio antes de Debora na Usp, ele chegou aspirando às obras racionais da engenharia, para depois em uma troca revolucionaria ansiar pelos caminhos tortuosos da mente humana, e mais ainda, do inconsciente. Não fosse por essa mudança, grita a neurotica teoria do caos, não conheceria Débora, sua jovem bixete, minha priminha. Já para mim nessa dupla a Débora veio antes, exatamente seis meses depois de mim.
Somos em vários primos no clã do saudoso corinthiano, mas depois do Lucas, irmão mais velho da Débora e filho do também primogênito irmão de minha mãe, foi uma leva só de uma mulherada forte. Primeiro eu, a moreninha dos cabelinho enrolado, depois uma outra moreninha dos cabelinho liso e zoião verde, e finalmente a loirinha da juba loira espichadinha de tão lisa. Tudo isso em festas que aconteciam de três e três meses.
Juntas eu e a Zefa, como gostava de chamá-la, e como todos os nossos apelidos era odiado, começamos a conhecer o mundo, os garotos, e essa coisa estranha que dá no estomago quando na paquera. Ela estava lá no meu segundo beijo da vida, e foi com ela que eu sonhei pela primeira vez com um possivel namoro, um possivel amor, quando naquela época tudo era possivel depois do horário do colegio. Ela esteve presente em outros primeiros momentos da minha vida, e eu não consigo expressar o presente que é ter por 26 anos menos 6 meses, essa prima mais nova que sempre teimou ser mais madura e me ensinar sobre a vida dia apos dia, até hoje.
O dia dos nossos sonhos compartilhados chegou. Eu vou assisti-la de camarote a desfilar trajando branco. Ela vai ao encontro do amor possível que encontrou, e eu vou suspirar feliz com a escolha que ela fez.

Aufwiedersehen!!

quinta-feira, 1 de março de 2012

Sobre a finitude da vida

O que seria de nós se fossemos imortais? Autores criaram personagens que tinham essa ânsia de viver pra sempre, passar por todas as épocas e povos e em como seria a evolução da raça se tivéssemos todo esse tempo.
Poucas vezes na vida tive contato com a morte, mas por menos frequente que tenha sido, esse pouco me fez ter respeito. Muitas vezes nos sentimos como que anestesiados pela vida, pelo trabalho, por uma preocupação besta, um dia de trânsito ou uma fofoca qualquer. Eu perdi pessoas jovens e próximas, essa tipo de morte, prematura, tende a ser a mais dolorida. Mas perdi também pessoas idosas muito importantes pra mim ou pra quem eu amo. Depois de dizer adeus a meu avô ano passado, senti que ela, a morte começou a ter um aspecto menos assustador. Percebi que ela vem soberana e não vingativa. Ela vem para nos lembrar o que vale a pena. Que vale a pena ser cafona, abraçar forte sem motivo nenhum, que vale a pena esquecer a preguiça, essa palavra que se tornou tão comum no nosso cotidiano, quando antes tínhamos preguiça, era de trabalhar, de fazer ginástica, hoje chegamos ao cúmulo de ter preguiça de um ser humano, e é cool, é natural dizer isso. Eu mesma já disse/senti muito ultimamente.
Sou de uma família católica, essa é uma época importante para a nossa religião, depois de toda a folia do carnaval vem a quaresma, são 40 dias de penitência, jejum e recolhimento. Alguns escolhem deixar de comer chocolate, outros da cervejinha de toda semana. Uns acham hipócrita vir de um carnaval de bebedeiras e putaria pra daí fazer jejum de álcool ou carne. Eu acho que o que ainda restar de tradição e espiritualidade, o que ainda sobreviver disso tudo nos nossos tempos, na nossa metrópole, é válido. Nessa quaresma eu não vou dizer que tenho preguiça de ninguém, e não vou sentir isso. Por que todos têm o seu valor enquanto estão entre nós, e se não vivemos uns para os outros, então estamos mortos.

Aufwiedersehen!

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Minha São Paulo

No caminho comentava com Bella como sentia falta de Sao Paulo. Por trabalhar e morar na zona oeste, nas últimas semanas estava restrita ao trânsito breve entre Pinheiros, Vila Madalena e Perdizes. Eu tinha um horário marcado com dois meses de antecedência no Retro Hair, um salão na Augusta. Logo que entrei tive a atmosfera vintage tomando conta de mim, desde uma trilha sonora a la woodstock até um Jimi Hendrix tupiniquim, belo com sua voz potente se apresentar como Jonas me levar até os fundos, oferecer uma cerveja, segurar minha jaqueta para pendurar e guardar minha bolsa, para depois lavar meus cabelos com a delicadeza de uma fada. Jonas comenta como obvio, voce é bem bonita né?E oferece uma toalha para cobrir minhas pernas, a despeito de só terem "viados" por lá. Ao terminar a lavagem ele me oferece, ao que eu respondo de pronto gargalhando, uma massagem. Olho pra ele e seu rosto permanece sério. Aceito de prontidão a massagem para ser apresentada a uma calorosa Bia que cortaria meus cabelos e o faria maravilhosamente em 5 minutos. Subo para conhece o lounge no mezanino, sento e observo aquela movimentação com a minha Rua Augusta de pano de fundo, desço novamente, pago, e vou embora preenchida de um amor que existe sim em SP, por 55 reais.

Aufwiedersehen!