E tem mais...

(...)

Um monte de coisa misturada..

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

É agora

O que a gente faz quando tudo pára? Quando tudo fica quieto, a família saiu, o emprego deu folga, e o tão sonhado encontro com o sofá descompromissado acontece? Aquele livro você já leu, todos os programas da TV já foram vistos, suas amigas foram embora para as respectivas casas. O único som que se ouve vem do seu peito, um som faminto que até então ficava abafado por todas as responsabilidades e horários e "prioridades". Esse som dá medo. O que será que ele quer? O que eu deixei para depois? Como em um desfoque de câmera, você enxerga em frente, mas não chega a reconhecer alguma coisa. Vem uma angustia diferente, não é aquela angústia do dia a dia, do stress, é um tipo mais sereno. De repente percebemos que mais assustador que o futuro é o presente. Esse não dá pra deixar pra depois. Como são bons os novos anos, as novas chances, já que a gente esquece que pode mudar tudo de novo e ser melhor mesmo em abril, julho, qualquer mês, temos janeiro que grita imperioso: você pode ser melhor!
Gosto de dizer que o trabalho faz nossos tempos de férias, feriados e afins terem a cor que eles têm, senão seria tudo despropósito. Gosto também de lembrar que é no ócio que temos boas chances de pensar. Parece óbvio, palavrinha ignorante que pretende pensar que uma coisa pode ser a mesma para todos. Não é óbvio. É agora.

Aufwiedersehen!

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Dentro de uma caixa

Eu já havia ouvido falar dela, uma garota do interior de Santa Catarina que se misturava àqueles rostos germânicos. Ela morava na principal metrópole e capital da Bavaria, cidade que naquela época eu começava a chamar de lar. Eu já não me sentia sozinha naquele país e começava a ter conversas interessantes com aquelas pessoas que ia aos poucos descobrindo. Um dia eu conheci essa garota, e ambas éramos famintas pela vida, aquela vida que começava a se mostrar minha também. Ela conhecia todos os lugares, a língua e o jeito de viver por lá, e sem segurar nada pra si, dividiu comigo todos os segredos. Quando eu não pude voltar pra casa, ela me acolheu. E foi assim durante sete meses. Todo dia com a mesma alegria e carinho do primeiro dia. Ela ia comigo onde eu quisesse e me consolou por algumas vezes quando partiram meu coração. Naquela cidade que podia ser muito fria, ela foi minha família, já que eu não podia contar com a família que me hospedava. Juntas viajamos e dançamos e dividimos as maiores aventuras da minha vida.
Até o momento de partir ela me ajudou a arrumar as tantas malas e caixas que eu juntei durante aqueles 12 meses e um dia, segurou minha mão e foi a primeira a oferecer a carona que me levaria ao aeroporto. Pela primeira vez na vida eu não teria alguém para me levar, se não fosse por ela. Minha estadia na Alemanha foi mais doce e leve graças a essa catarinense.
Por não sei que razão, bem no final dessa história eu tive uma perda material, a última caixa com 20 kg de roupas, livros, sapatos e os objetos mais valiosos que não poderiam ir na carga total nunca foram enviados pelo correio como combinamos.
Eu nunca mais falei com ela.
Hoje eu não consigo lembrar o que havia naquela caixa, hoje eu só consigo lembrar que no frio e na noite ela me acolheu, e acolheu aos meus amigos.
Que em 2012 eu continue escolhendo a melhor parte do convívio com as pessoas, o resto pode ficar guardado dentro de uma caixa em algum lugar do mundo.

Aufwiedersehen!