E tem mais...

(...)

Um monte de coisa misturada..

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Meu corpo primeiro

O feminismo trata de diversos temas relacionados ao empoderamento feminino dentro da sociedade patriarcal, um deles é a aceitação do corpo de forma ativa, entendendo quem você é como pessoa além da imagem.

O caminho é complexo por que primeiro precisamos entender nosso espaço como mulheres - spoiler: ele pode ser bem maior do que nos ensinaram - para depois aceitarmos, e eventualmente celebrarmos quem somos dentro desse todo, entendendo lugares de privilégio, lugares psicológicos e intrínsecos a cada uma de nós.

No nosso país por exemplo, somos "obrigadas" a ser sensuais, bonitas e simpáticas, isso nos é cobrado todos os dias. Tudo isso tem sido muito discutido no movimento feminista, até a globo tem falado um pouco mais sobre a aceitação dos cabelos das negras, sem os constantes alisamentos, muitas vezes nocivos para a saúde, mas ainda estamos bem longe do ideal. Quando ligamos a TV tudo o que vemos são corpos magros, na grande maioria das vezes brancos, algo problemático tendo em vista a importância da representatividade.
Um exemplo lindo é o de Leslie Jones, uma das protagonistas do remake de Caça Fantasmas, agradecendo à Whoopi Goldberg por mostrar que existia a possibilidade de uma mulher negra ser comediante e estar na TV.

Representatividade importa

Tem algo que tenho vivido no último ano e 10 kg atrás, sim, eu engordei bastante. Foi de forma gradativa que algumas das minhas roupas pararam de servir pra mim e de forma gradativa eu resolvi ir me livrando de algumas dessas roupas, desisti de ficar definindo minha vida e meus próximos passos em cima de uma calça jeans. Fora uma revolução que eu fiz nas escolhas dos meus biquinis depois de anos tentando servir em um modelo que não abraçava a forma do meu corpo, comprei uma daquelas calcinhas maiores e super estilosas e perdi toda o nervoso de ir à praia.
Importante levantarmos a questão psicológica da coisa, por que engordamos? Por que emagrecemos? Existem questões sérias de ansiedade, de preenchimento que precisamos entender dentro de nós mesmas além da balança e dos carboidratos. Antes de perder kgs precisamos manter a mente sã.

Hoje eu me deparei com um curta metragem documentário, da Luiza Junqueira entitulado "Gorda", assim sem desculpa e pra escancarar o tabu. Vale muito a pena assistir a essas histórias de superação e resistência, por que a gordofobia existe e está em todo lugar, são só 15 minutos.
E por favor pessoal, vamos parar de usar a expressão "Fiz gordice"? É pejorativa, dá a entender que os gordos são losers e isso não é verdade.

GORDA

É urgente a necessidade de enxergarmos humanas nas gordas, não apenas patologias.
Eu estou acima do peso mas ainda razoavelmente dentro de um padrão considerado "normal", e engraçado, depois que engordei percebi como é difícil encontrar a minha numeração nas lojas, isso por que eu procuro entre 44-46, fico pensando como deve ser para as mulheres que usam números acima de 46. E o grande problema é que quando elas encontram opções, os modelos são feios, largos, e com péssimo caimento. A roupa importa para a auto estima por que a moda comunica quem somos, e não pode ser considerada menos importante/responsável nesse sentido.

Eu estava lendo um artigo sobre as 15 startups mais quentes de Nova Iorque, e acabei parando na Dia&Co, que é um serviço de venda de roupas só para números maiores, que funciona como uma rede social com consultoria de moda e estilistas direcionados para esse público de forma individual, em cima da ideia "revolucionária"de que o corpo que deve moldar a roupa e não o contrário.
Elas têm esse video fantástico com a hashtag "meu corpo em primeiro lugar", vale a pena assistir também e repensar a forma como nos enxergamos e vemos essa questão.

#mybodyfirst

Aufwiedersehen!!

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

A mostra e eu

A minha versão facebook sobre as mini férias que tirei para acompanhar massivamente à 40a mostra seria: "Maravilhosa semana realizando um sonho!"- mas como a maioria dos depoimentos públicos, essa não é a história real.
Já na abertura ouvi vários patrocinadores necessários dizerem mais ou menos as mesmas coisas desnecessárias só que em outras palavras por quase duas horas, para só depois (por volta das 23h - cheguei lá as 20:30h), assistir a um filme italiano de um autor que ainda não conhecia, como a maioria dos diretores com filmes na mostra. Eu curti o filme mas o rotten tomatoes (sempre olho o filme assistido lá), deu menos que 30% de críticas positivas :(

***créditos de todos os filmes abaixo.


O menino que cresce atormentado pela morte mal explicada da mãe em "Belos sonhos"- puro recalque e complexo de Édipo.

- No primeiro dia oficial assisti a um outro filme antigo do mesmo autor italiano e me peguei cochilando por três vezes até perceber que era hora de parar quando meu sonho começava a interferir na narrativa do filme.
Na sequência fui animada pegar a sessão aberta no vão livre do Masp, coisa mais linda de vista, mas resolvi desistir (essa sessão era gratuita), quando me peguei tremendo aos ventos primaveris de SP.
O fato do filme ser em preto e branco também não me ajudava muito a querer ficar.

*tenho essa questão séria com filmes p&b, acho que ficam lindos mas não sinto receber todas as informações necessárias para entender a história, cores são importantes!

- Meu segundo dia foi bom, uma dica legal pra quem quiser encarar essa maratona de filmes na mostra é ir direto pro shopping Frei Caneca que tem a maior quantidade de salas e variedades. Comecei com um filme dinamarquês e depois assisti a um russo. O legal é viajar para essas terras e pessoas pouco comuns ao nosso dia a dia.

Em "Amor e outras catástrofes", a amante tem a esposa como terapeuta, todo mundo engravida e a coisa fica complexa.

                                                    
O Estudante é um filme forte e sarcástico.

- No terceiro dia achei seria hora de procurar um filme brasileiro, o escolhido foi "Fica mais escuro antes do amanhecer", lá no cinesala de Pinheiros, uma das mais lindas de SP. Depois dele fiz uma corridinha que eu subestimei como rápida até o Cinesesc na Augusta para assistir ao Persona do Bergman, mas acabei me deparando com uma fila imensa e uma atendente assustada com a quantidade de suor escorrendo do meu rosto, dizendo que não tinham mais lugares disponíveis. Cuidado com essas sessões especiais, elas lotam!Eu aprendi da pior forma e fiquei puta, resolvi procurar um filme no cinema mais blockbuster da Paulista, o Center3.
O escolhido foi "Genius", que conta a história real do editor que descobriu caras como Hemingway, Scott Fitzgerald e Thomas Wolfe - o foco é no "bromance" do editor com Wolfe.

                              
"Fica mais escuro antes do amanhecer" tem essa cara meio gringa, meio excêntrica, uma fotografia lindíssima, trilha idem, mas peca no roteiro um tanto confuso, sempre nosso grande calcanhar de Aquiles no Brasil. Achei que o roteirista e diretor (com certeza um grande fã do Lars von Trier), pegou Melancholia, Antichristo e Donnie Darko e colocou tudo no liquidificador.

                                   
Colin Firth e Jude Law, dois ingleses com sotaque norte americano em Genius.

- No quarto dia voltei para o Frei Caneca e escolhi pra começar um filme antigo, dos anos 80, do famoso diretor Jim Jarmusch, tava a fim de ver algo mais mainstream, mas "Férias permanentes" não teve nada disso no bom sentido. Na sequência escolhi um filme por que se passava em Cuba. Estou meio obcecada pelo país e sua cultura a algum tempo, ainda não consegui conhece-la pessoalmente então me viro assistindo a seus filmes.

                                    
Férias permanentes e um adolescente classe média andarilho em NY.

                                    
Vinte anos é o retorno da diretora brasileira Alice Andrade para a Havana depois de vinte anos quando acompanhou o casamento de casais tecendo um paralelo entre a história deles no presente e o vislumbre dessa nova economia cubana que começa a se abrir.


- No quinto e último dia me encontrei com Tom Ford, Amy Adams e Jake Gyllenhaal, além de muitas participações chiquérrimas no deslumbrante "Nocturnal Animals". A abertura já te pega de cara em um shot estético de algo que não costumamos ver esteticamente. Não vou entrar em detalhes para não spoiler a experiência, mas deixo vocês com a visão de Amy Adams, divina e fantástica na pele de Susan.

Aufwiedersehen!!





Abertura
Belos sonhos (2016 - Itália) -Direção Marco Bellochio

Dia 1:

A china está próxima (1967 - Italia) - Direção Marco Bellochio
A grande ilusão (1937 - França) - Direção Jean Renoir - não consegui assistir inteiro

Dia 2:

Amor e outras catástrofes (2016 - Dinamarca) - Direção Sofie Stougaard
O estudante (2016 - Rússia) - Direção Kirill Serebrennikov

Dia 3:

Fica mais escuro antes do amanhecer (2016 - Brasil) - Direção Thiago Luciano
FORA DA MOSTRA -  Genius (2016 - EUA) - Direção Michael Grandage    

Dia 4:

Férias permanentes (1980 - EUA) - Direção Jim Jarmusch
Vinte Anos (2016 - Brasil/Costa Rica) - Direção Alice de Andrade

Dia 5:

Pássaros Noturnos (2016 - EUA) - Direção Tom Ford