E tem mais...

(...)

Um monte de coisa misturada..

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Silêncio, por favor

Hoje está sendo um dia cinzento, natural de agosto. Hoje choveu um pouquinho, um agravante para uma tragédia horrível que aconteceu logo aqui ao lado, no litoral paulistano. Um candidato à presidência, em um momento político crucial, havia morrido com mais pessoas em um acidente de avião. Um político e antes de tudo um ser humano, com recém completados 49 anos, pai, marido, filho. Não demorou 5 minutos para começarem a brincar a respeito dessa notícia: "Devia ser a Dilma!", diziam os mais simpatizantes da direita, ou "Erraram o alvo, era pra ser o Aécio!", diziam os esquerdistas...Memes começaram a circular pelos grupos de whatsapp, entre uma notícia, uma atualização dos amigos, eu via risadas e brincadeiras. Eu sou muito à favor do humor, fui criada assim, eu diria até que ele é um estado natural para mim, não tenho muito talento pra tristeza, mas o que eu vi foi a confirmação do que é esse tempo de opinião, do tagarelar, do compartilhar, do rir a qualquer custo.

Estava lendo um tratado do Alex Castro sobre empatia esses dias (http://alexcastro.com.br/uma-pessoa-boa), com propostas de exercícios de abertura ao outro, de ouvir e ver, antes de opinar e pensar em si, até mandei pra ele um e-mail, dizendo que eu nunca havia lido nada mais cristão, apesar de o próprio Alex ser ateu. Fazemos caridade, participamos como voluntários em ONGs e creches, vez ou outra nos fins de semana, doamos dinheiro, mas que tipo de ser humano somos na nossa rotina, nas atitudes mais simples? Esse é um momento de luto, pessoas estão sofrendo tremendamente, um homem ainda com muito a ser feito teve sua trajetória encerrada de uma hora pra outra. Eu não pretendia votar no Eduardo de Campos, mas ele merece silêncio. Todos merecemos um pouco mais de silêncio.

Tem aquela coisa de ser profissional no ambiente de trabalho, de não misturar emoções pessoais com resoluções importantes para determinado negócio, têm pessoas com quem precisamos conviver a despeito da nossa vontade, então, por que não levamos isso para a nossa vida em geral, em todas as 24 horas, vamos deixar nossas questões pessoais de lado, e lembrar que dividimos um mundo físico, mas mais ainda um mundo de sentimentos, de sensibilidades e de histórias alheias que nem imaginamos por que não ouvimos, não prestamos atenção, por que estamos sempre tagarelando sobre o que "achamos". Vamos nos guardar no silêncio, antes que seja tarde.

Aufwiedersehen!!

sábado, 9 de agosto de 2014

Poetinha, vamos conversar?

Eu sempre suspirei pela música: "Minha namorada", do Vinicius de Moraes e do Carlos Lyra. Sempre me imaginei recebendo essa canção como presente, um dia quiçá merecedora desse título! Trata-se de uma bela melodia, já a letra...bem, hoje eu tenho ressalvas.

Para relembrar, escuta: https://www.youtube.com/watch?v=j2zi6YkZECE

Tomei a liberdade de fazer algumas anotações, apenas tendo como ponto de vista que a tal da "namorada" é um ser humano com desejos, poder sobre o corpo e portanto, não pode pertencer a ninguém além de si mesma.



Se você quer ser minha namorada
Ah, que linda namorada
Você poderia ser
Se quiser ser somente minha (O condicional "se" aparece com frequência em um acordo de deveria ser de igual pra igual.)
Exatamente essa coisinha (eu nem vou entrar no mérito de que a moça não é uma "coisa", mas ela não vai ser essa "coisinha", seja lá o que isso signifique, pra sempre...da mesma forma que o moço não permanece aquela "coisona" pra sempre. Sabe o amor?Então...)
Essa coisa toda minha (essa parte da medo!)
Que ninguém mais pode ser
Você tem que me fazer um juramento  (Aqui ele introduz o verbo "ter" e dele não larga mais pra conversar com a moça)
De só ter um pensamento
Ser só minha até morrer
 (Ela só pode pertencer a si mesma. Fim)
E também de não perder esse jeitinho
De falar devagarinho (Às vezes, na correria da vida, ela pode ter pressa, e falar bem rapidinho)
Essas histórias de você
E de repente me fazer muito carinho (carinho é bom, carinho tudo bem, entendendo que todos do casal fazem carinho né?)
E chorar bem de mansinho
Sem ninguém saber por quê  (vou te contar, às vezes ela vai precisar esgoelar mesmo, a vida tem dessas, e as pessoas vão saber por que, sim!)
Porém, se mais do que minha namorada (sim, ela vai ser mais do que a sua namorada, isso não é, nem deve ser trabalho período integral)
Você quer ser minha amada (ser sua amada, isso é bom!isso tá valendo!)
Minha amada, mas amada pra valer
Aquela amada pelo amor predestinada (a menina quase tem que passar em um concurso pra ser namorada dele)
Sem a qual a vida é nada
Sem a qual se quer morrer
 (não precisa morrer se não tiver a moça, continua vivendo, tá tudo bem!)
Você tem que vir comigo em meu caminho
E talvez o meu caminho seja triste pra você (e tudo bem ela ser triste??Não tem meio termo?Uma encruzilhada onde os dois caminhos se encontram?)
Os seus olhos têm que ser só dos meus olhos (NOT!Apenas NOT!)
Os seus braços o meu ninho (isso é bonito!)
No silêncio de depois
E você tem que ser a estrela derradeira  (sem drama, sem derradeiro, sem usar o verbo "ter" - vou manter o final que eu acho fofo e digno :)
Minha amiga e companheira
No infinito de nós dois

Aufwiedersehen!!

terça-feira, 5 de agosto de 2014

O feminismo é um lugarzinho quente

Eu comecei a abrir o meu mundo para o feminismo tardiamente, mas nunca tarde demais. Tenho dividido as minhas descobertas com as minhas amigas, irmãs, por que quero que elas sintam a libertação que eu tenho descoberto nos últimos meses.

O feminismo é a luta pela igualdade dos sexos,  mas principalmente, pelo ideal de as mulheres serem vistas e tratadas como seres humanos. Parece extremo, exagerado, assumir que a nossa realidade não é essa? Eu concordaria com o extremo disso a pouco tempo atrás, mas como todo "achismo", precisei combater essa primeira impressão, comecei a prestar atenção, a ler textos, a ler atitudes, a ler o que a publicidade ilustra como deve ser o feminino. Sinto-me como que desperta, com os sentidos aguçados, é um novo mundo que se abriu.

Depois de olhar pra fora, e de ouvir e discutir com mulheres que estão nessa luta a mais tempo, comecei a olhar para mim mesma, e relembrei tantos e tantos momentos de auto sabotagem e tristeza pelos quais passei, por "achar"que eu estava errada, inapropriada, ou não me dando ao respeito, quando poderia focar toda essa energia tentando entender quem eu era. Inapropriado é um adjetivo de atitudes femininas, é inapropriado falar palavrão, é inapropriado transar sem compromisso, é inapropriado falar alto, é inapropriado ficar bêbada.

Eu falei sobre isso em (não sei tagear, clica aqui: http://goo.gl/VsmLB5), sobre as várias barreiras impostas às meninas, e em como eu enxergava os meninos como responsáveis por seus privilégios, quando na verdade eles os recebiam como regra ao nascerem com seus pintinhos. No mais, percebi que existe um mundo dentro de mim, e eu preciso aceita-lo e compreende-lo o quanto antes, mas existe também um mundo de diferenças e injustiças para fora de mim, Eu sou branca, mulher, heterossexual, tem ainda uma realidade menos privilegiada que a minha, a dos negros, das mulheres negras principalmente, dos homossexuais e dos transexuais.

Pessoas morrem por causa do racismo, pessoas morrem por causa do machismo e pessoas morrem por causa da homofobia. Eu descobri que não é não levar na boa, quebrar o clima, ser muito radical, não achar graça das piadas que tenham esses problemas sociais como base. De novo: pessoas estão morrendo, a piada não cabe aqui, ela é perigosa e perpetua esse problema.

No feminismo eu descobri a sororidade, uma palavra que não deveria ser desconhecida, por que muito importante. Sororidade é a irmandade entre as mulheres. O contrário do que acontece na vida real, onde somos encorajadas a competir umas com as outras, desde muito novas, eu consigo identificar essa competição na minha própria vida desde cedo, com 7 anos de idade eu já me sentia compelida a ser mais bonita para chamar a atenção do garotinho da minha sala, o mesmo garotinho que me chamou de gorda, e quebrou o meu pequeno coração em pedacinhos. Nunca passou pela minha cabeça que ele era, naquele momento, um layout de babaca, a minha certeza era que tinha algo errado comigo. Nós temos essa facilidade de abraçar nossas falhas, somos o erro, filhas de Eva que mordeu a maçã e cagou tudo, nós somos ensinadas a pedir desculpas qualquer coisa, antes mesmo de cogitarmos que não estamos erradas, e de novo, inadequadas. Somos isoladas em nossas pequenas ilhas, sem poder confiar umas nas outras, por que a outra pode roubar o "nosso homem". Nossas amizades crescem em cima dessa terra podre de desconfiança e competição, então seguimos soprando a vela da amiga, querendo nos sobressair como mais gatas na balada (!)

Estou chegamos nos 30, assim como a maioria das minhas amigas, percebi há pouco, que hoje nos elogiamos de forma sincera e com frequência, isso não acontecia na adolescência, ainda estávamos naquele triste ciclo vicioso. Percebi como juntas somos mais fortes, juntas nos defendemos, nos empoderamos. A feminismo é um lugarzinho mais quente, juntemos-nos irmãs!


Eu dedico esse post ao meu grupo de irmãs do Papo de Mulherzão <3 p="">
Aufwiedersehen!!