E tem mais...

(...)

Um monte de coisa misturada..

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Descabimento

Eu estou brava com o mundo.
Mais especificamente com a sociedade.
Eu tenho uma amiga que há uma década decidi que é minha irmã. A gente se entende pelo fundo do cérebro, por entre neurônios que detectam sensibilidade. Nossa lógica é par. O nosso sentido é o mesmo, sempre foi.  Eu me sinto impotente por que não consigo ajuda-la, da mesma forma que ela não pôde me ajudar quando eu precisei.

Amigos não servem para nos ajudar, e apesar de andarmos em bando, não adianta fugir da grande realidade de que os nossos assuntos sempre vêm antes.
Nossa alegria vem antes. Nossa tristeza, nossa euforia, nossa preocupação sempre vêm antes da do outro. É natural.
É ilusório prometer qualquer tipo de relacionamento que fuja dessa premissa.

Amigos servem como aquele olhar distanciado que vê mais do que os reais envolvidos no negócio da alma interior. Amigos são aquela segunda opinião emocionada, por que por mais que sejamos seres humanos naturalmente egoístas, nós amamos. E muito - também por que precisamos de amor.

Minha amiga é cheia de vida. Ela é cheia de talento e muita, muita emoção. A sociedade não está pronta pra aceitar isso, ela - a sociedade - se sente encurralada, apreensiva e desconfortável diante disso. Na hora do "vamo vê" quem sofre são os sensíveis. São os suscetíveis, os vulneráveis pela emoção, por que veem mais do que os outros que seguem com suas vidas objetivamente construídas. E então eles percebem, para confirmar a nossa incompetência, que precisam também se moldar.

Precisam sentir menos. Precisam demonstrar menos. E então percebem que a eles só resta a reclusão, por que não sabem mentir, muito menos fingir. A risada alta com boca aberta se fecha. O cabelo jogado pra trás num movimento de descabimento de alegria dá lugar à cabeça baixa de quem não serve do lado de dentro, por que aqui dentro é pequeno. E mais ainda lá fora. A sociedade é pequena, restrita. E nós somos pequenos por que não conseguimos ajudar. Eu não consigo ajudar.

Aufwiedersehen