E tem mais...

(...)

Um monte de coisa misturada..

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Um conto

A viagem estava marcada há três meses. Conseguimos passagens baratas na vigilia das promoções de horas incomuns à compra. Na casa o total de 19 jovens adultos promissores. Amigas da Má, amigos do Junior, a irmã e prima da Tais, além de outros figuras esparsos se misturavam para formar essa ilha deliciosa de seres desconhecidos em comum. Primeiro dia e o frio na barriga do reconhecer os rostos com os quais passaríamos a conviver nos próximos cinco merecidos dias de descanso no litoral, quando me é apresentado Max. Mas tinha a expressão de um surfista que se desgarrou no berço para morar na capital sem mares e cheia de rios podres. Um rosto de quem ainda esperar pelas ondas que nunca vêm, e mesmo assim não reclama. Não era bobo, de forma nenhuma. Quando conversava me olhava nos olhos e sorria de segundo a segunda mostrando os brancos dentes. Com os dias, sua pele começou a pegar o verniz de um dourado que só os dotados de boa melanina mostram, o que jogava para o mundo ver os olhos de um castanho bem claro, quase amarelo. Na cabeça, o resto que a máquina 4 deixou de cabelos para contar história, o que ressaltava o ângulo quadrado do rosto. Um nariz grande confirmava a teoria que os bons homens de personalidade usam. Educado, esperava sua vez de falar, sempre depois de todos, para invariavelmente dizer algo gentil. Gostava em Max principalmente de sua barriga, algo redonda e à mostra divergindo com o resto do corpo bem formado. Aquela barriga que o Men's Health entendia como falha, era para mim a certeza de que Max era real, um ser humano. Eu amei aquela barriga por exatos 5 dias. Max é um personagem fictício inspirado em caras que me encantaram, e um cadinho em algum sonho que eu um dia tive. Aufwiedersehen!

sábado, 19 de janeiro de 2013

O ontem que vive no hoje

Texto de agradecimento recuperado do meu trabalho de conclusão de curso. (Unesp Bauru - nov/2007). Fico feliz de ler algo que eu escrevi há cinco anos e ainda me reconhecer nessas linhas. "São pessoas maravilhosas, esses indivíduos que fortuitamente eu encontrei na caminhada da vida, e que espero encontrar na potencial evolução da profissão escolhida. Formei uma família querida, dividi tormentos que só me ajudaram a amadurecer, momentos ícone da minha vida. Foram apenas mais de 1200 dias, porém dias que com certeza marcaram minha identidade impreterivelmente. O sentimento que carrego é de orgulho, de felicidade e respeito que ficarão para sempre. Aos meus queridos e talentosos colegas, eu agradeço a tudo que pude compartilhar, e ao enriquecimento decorrente da observação de cada um deles. Ás mulheres maravilhosas, ao modo característicos de cores fortes e frias, cada uma a seu modo, com as quais eu percorri esse caminho, minhas amigas e colegas queridas (“Nossos destinos foram traçados na maternidade!”).Às minhas companheiras de república, agradeço pelas discussões, pelos debates calóricos durante a tarde, pelo delicioso pós-balada, pelo ombro acolhedor, pelas chamadas de atenção e sinceridade, e por compartilhar comigo de suas potencialidades especiais. Amo vocês do fundo do meu coração e é pra sempre. Aos muitos amigos, obrigada pelas risadas, pelas tardes à toa, e pelos encontros que foram e ainda virão." Aufwiedersehen

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Sóbria

Seria 2013 um ano de sobriedade? Não aquele principio de sanidade alcoólica - mesmo que seja interessante exercer essa atividade depois do aumento da multa da lei seca - falo de um ponto crucial na vida de um adulto, quando este se sente formado como tal, um adulto. Estarei eu, sóbria? Depois de passar pela segunda puberdade, fase que devia ser mais estudada pelos especialistas em crescimento, e fenômeno que pude assistir de camarote dentro da minha cabeça e também do lado de fora através de amigos e familiares, depois que a euforia do término da faculdade passa, depois de cair no mundo real e ver que a vida não se resolve quando se tem dinheiro no bolso e uma rotina confortável. Eu vi um prenúncio da era da gula que mistura com a dúvida, muita dúvida, a confiança com a insegurança, é uma oscilação entre o que já fomos e o que queremos ser, o presente fica lá, meio solto, já não somos mais invencíveis, muito pelo contrário. A ideia de formar a sua própria família começa naturalmente, senão biologicamente, a fazer parte dos pensamentos. Passamos a nos perguntar onde estaria um companheiro perfeito. Perfeição, sempre essa bandida. Esses são temas sobre os quais tenho debatido a exaustão com a minha analista, minha couch do viver, e ela bate sempre na tecla do constante abandono da fantasia, algo muito presente na vida de uma garota que sempre curtiu viver no mundo da Lua. As idealizações caem, o principe desce do cavalo branco que agora assemelha-se mais a um jegue magrelo, a alma gêmea é apenas a esperança de encontrar alguém que segure a sua mão. Eu sinto uma renovação cansada, como se agora eu resolvesse uma equação super complexa. O mundo é isso mesmo que eu vejo, e nada mais. Não tem feitiço, não tem mistério, não tem nem um pouco de glamour, são apenas várias pessoas interessantes ou não, com muitos defeitos e pasme, tantas ou maiores dificuldades para levar uma vida que considerem realmente boa. Tem mais essa, existe um mundão pra fora de nós mesmos, isso é desanimador. Sinto uma grande nostalgia de enxergar esse mundo sob a antiga ótica fantástica, mas como em uma cirurgia de miopia pareço enxergar tudo exatamente do jeito que é, e não tem como voltar atrás. Inês é morta. Estamos no Matrix. Enfim. Aufwiedersehen!

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Marketing pessoal

Eis um quesito que tenho pensado à exaustão nos últimos tempos: o marketing pessoal. Não aquele pregado em palestras com gurus empresariais, não, digo aquele marketing pessoal do boteco, do nosso dia a dia. Tenho reparado como as pessoas que conheço, as bem sucedidas e empreendedoras em especial, tendem a falar muito de si. Não de maneira exaustiva e incoveniente, muito pelo contrário, elas costumam falar mais em meio a causos e histórias engraçadas que só provam quão interessantes elas são. Eu sempre achei esquisita essa mania de falar de si. Com amigos é comum, mas já me deparei várias vezes com situações sem intimidade, um vestiário de academia, um banheiro de balada (ok, mulheres gostam de chorar as mágoas no banheiro), em que me vi dando conselhos amorosos a uma total desconhecida (justo eu!). Sempre achei divertido isso, mas invariavelmente na sequência, depois de deixar minha desconhecida nova amiga ir, eu ficava com aquela nóia, pensando o que faz uma pessoa entregar toda a sua vida e suas intimidades a um total desconhecido. Por algum motivo, na superfície, eu considerava essa atitude infantil, até inconsequente, mas hoje percebo que na verdade eu admirava essas pessoas e a facilidade que elas tinham de simplesmente se abrirem assim, sem anestesia na presença de qualquer ser humano pronto a ouvir. Lembro-me de um episódio, e eu não vou entrar na questão da cidade do interior e tudo o mais, um pouco antes de ir para a Alemanha e todo aquela arrumação antes da partida, e meus pais orgulhosos com a primogênita que iria desbravar o mundo (lavando bunda de criança, mas mesmo assim...), e como eles gostavam de comentar com quem encontrassem na rua sobre a tal novidade. Um dia, na minha locadora preferida de Araras, lugar que praticamente vivia nos sofridos 5 meses de desemprego pós faculdade, me vi repreendendo minha mãe depois de ela contar a mais uma pessoa sobre a minha viagem. Naquele momento eu achei que fazia a coisa certa, eu pensava estar protegendo minha intimidade, talvez eu tenha me dado muito crédito, afinal, para quem minha intimidade seria tão importante assim, a não ser minha mãe, que se entristeceu na época com a repreensão, penso as vezes que pra ela foi um velado "não se mostre orgulhosa!". Sim, podemos ser desnecessários com louvor. A verdade é que eu aprendi comigo mesma em algum momento que não é educado falar de si, o que me fez viver até então, sem pedir confete, sem pedir feedback, sem conseguir receber de verdade um elogio. Engraçado alguém que escreve um blog chamado "sinceros devaneios", pensar que não fala de si, alguém deve se perguntar. A verdade é que eu falo do meu pensamento em relação as coisas, então o que eu realmente mostro são meus pensamentos, mas um ser humano não é a junção de muitos pensamentos. Continuo pensando nisso, para em um próximo post mais maduro, realmente falar sobre mim. Aufwiedersehen!!