E tem mais...

(...)

Um monte de coisa misturada..

sexta-feira, 27 de março de 2015

Talvez


Faz um bom tempo que eu não escrevo, e não me refiro somente aos posts de Aufwiedersehen, mas tampouco tenho escrito minhas memórias impublicáveis - por que sou muito mais conservadora do que gosto de assumir. 

Engraçado que logo depois de publicar o livro, eu me encontre nessa situação de pouca atividade. Não posso dizer que não estou inspirada, tenho vivenciado coisas fantásticas e assustadoras, voltei a trabalhar e a estudar, tentando cutucar um lugarzinho na USP em um mestrado no final do ano, na mais nova paixão redescoberta, a Antropologia. 

A verdade que eu ouso suspeitar é que infelizmente o método de devaneios não tem se encaixado nesse momento, no meu estado atual,  já faz seis anos afinal, que eu devaneio nessa mesma ordem de especulação sincera. 

Eu não deixei de pensar, mas talvez eu tenha cansado de tatear solos antes nunca caminhados. Talvez eu esteja pronta para a expedição propriamente dita. Continuo com minhas crises de melancolia, mas assim,  meio quieta e observando do meu canto. Silenciada jamais. 

Talvez eu me demore na ausência, talvez não.

Aufwiedersehen!

segunda-feira, 9 de março de 2015

Seguro de vida


Eu tenho o costume de relembrar memórias de naftalina, mas ontem eu peguei esse exercício e o elevei ao status profissional ao "backupear" fotos antigas para o computador novo. Apesar da minha realidade hoje se assemelhar muito a um slacklining em looping, por estar sem emprego ou projeto, mesmo sendo algo que tem se repetido mais do que eu gostaria nos últimos dois anos na entre-safra de freelas e na nossa economia, o que eu vi nessa tarde em slide show foi uma vida plena e cheia de amores e sorrisos e descobertas :)

É uma não perspectiva que pode enlouquecer: não rotina, não responsabilidade e o sentimento de inutilidade. Eu engano todas essas sensações fazendo minha comida nas experiências da cozinha, arrumando a casa ou nadando, é impressionante como as atividades manuais ajudam a descomprimir a cabeça. Eu gostaria de ler tudo o que eu tenho de bom em uma estante abarrotada, fora o acúmulo na mesa de cabeceira com as "prioridades", mas fica muito difícil se concentrar.

Foi no meio de uma dessas minhas travessias diárias na slackline, que eu resolvi atacar minha estante e centro cultural, artístico e espiritual da casa, fazendo uma boa limpa por que a vida é curta demais para se esforçar por livros que não te despertam, e se você leu um livro até a página 30 e ainda não sentiu nada, tá na hora de partir para o próximo (qualquer semelhança com as relações humanas não é mera coincidência). Tem muita coisa boa pra ser lida/linda - inclusive um certo livro de bolso recém-lançado...

Eu vou fazer trinta anos e não tenho um tustão furado, nada guardado para a posteridade, na mistura do backup das tantas fotos de viagem e na limpeza geral dos livros e dvds, entendi para onde todo o meu dinheiro tinha ido, e quer saber, por mim tudo bem. A cada Dostoievski, a cada Stendhal ou Clarice Lispector que eu manuseava relembrando as sensações vividas, eu podia confirmar que eu tinha uma herança sim! Não tenho filhos, mas engraçado em como ao olhar para o livros eu penso nele(s) que nem nasceram, eu penso em como eu gostaria de apresenta-lo(s) ao velho Kundera, a Saint Exupery, a tantos caras e minas maravilhosos.

Finalizei o dia em casa com a velha melancolia doce, agradecendo pela vida que tive, pelos tesouros que juntei, e imaginando as próximas cenas que virão.

Aufwiedersehen!!