E tem mais...

(...)

Um monte de coisa misturada..

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Dia da juventude

Aparentemente ontem foi o dia da juventude. Não me surpreende um dia com um tema tão abstrato, parece que para 365 dias, temas é que não faltam inventar para o bem ou para o mal, celebração é a ordem do dia, perdoem-me pelo trocadilho. Eu não sabia desse dia, bem como não sei da maioria dos dias, tenho problemas para decorar datas, aprendi a não sentir culpa por isso, facebook está ai para nos ajudar, e se a pessoa não deixa a data do aniversário na rede, ou se ela ou ele não são conectados, paciência, eu aprendi que existem coisas que eu simplesmente não consigo fazer. Gosto que me avisem, sempre, por que eu adoro comemorações, as adoro tanto que chego quase a achar que a vida é feita delas, e então entra o tema de ontem, a juventude. A juventude entende que a vida é feita de comemorações, talvez tenha que ser assim, se fosse justo seria, mas temos tempo demais para comemorações, e a grande graça delas talvez esteja na baixa periodicidade, tirando a faculdade, isso é outra coisa, outro assunto, outra dimensão. Eu soube do tema de ontem pelo discurso do padre na homilia que assistia na missa com meus pais, em minha cidade natal. Estávamos eu e meus velhos, como gosto de chama-los, a ouvir um padre baixinho que a despeito do microfone que portava na lapela falava cada vez mais alto, bem alto à 10h de um domingo demasiado ensolarado. Eu sinto falta da energia da igreja, sinto falta do conforto que aquelas palavras antigas me trazem, e foi isso que encontrei nesse domingo, até chegar o final da celebração. Esse mesmo padre, com a desculpa do dia da juventude, chamou os "jovens"ao altar. Eu como uma menina bem bicho do mato que posso ser, fiquei mal humorada, e quase infantil escondida ao lado de minha mãe achando tudo muito ridículo e fazendo biquinho. Minha desculpa rápida para o momento era "Eu não sou jovem." Na consequência daquela pequena irritação matinal veio o chiste, disse ao meu pai crente tê-lo como cúmplice de sarcasmos, "Se eu vou ser considerada jovem, quero minhas não preocupações dessa época de volta, por que convenhamos que jovens não ficam aflitos com o futuro como eu estou agora". Meu pai respondeu com o sorriso de sempre, aguardando talvez minha próxima mudança de humor. Foi com esse pensamento sobre a juventude que eu voltei para a metrópole. Sou a primogênita de três, e meus irmãos não cansam de brincar com a minha mudança de comportamento atual, me chamam de "tia", de "velha". Eu aproveito a deixa para resmungar a vontade. A verdade é que as tais celebrações que eu acredito que os jovens buscam sem cessar, foram as celebrações que eu incansavelmente busquei até pouco tempo atrás. Se ser velha é dormir cedo e com vontade, ou exigir conversar apenas com quem olhe nos olhos, ou talvez sair de casa em um sábado a noite só se for para ouvir uma música que me agrade e que eu possa dançar, então sim, eu sou velha, talvez uma velha que falha, por que eu ainda passo por algumas dessas situações, para depois pensar, eu não quero mais isso. Talvez eu esteja seduzida com essa ideia de ter a desculpa para fazer o que eu bem entender. Não, eu não ainda não sou velha eu sei, mas eu também não sou mais jovem. Talvez eu esteja mesmo nesse meio termo, chato, indeciso e sem glamour, denominado adulto. Audwiedersehen!!

sábado, 13 de outubro de 2012

O que os olhos não vêem...

A verdade é superestimada. Superestimada por que ela mal pode ser mensurada. O que seria a verdade? Uma realidade? E o que é a realidade senão aquilo que percebemos através dos nossos sentidos como tal? Mesmo assim, o meu sentido é diferente de fulana, que é diferente de sicrana, multiplicado à décima potência. Em casa e na escola aprendemos que mentir é feio. Aprendemos que omissão é a mesma coisa que mentira. Eu acho que focamos nos problemas errados, e ao invés de resolver o problema em seu fim, ficamos discutindo conceitos e teses que não chegam a lugar algum. Eu ando pensando sobre a verdade. Ando pensando ainda mais sobre a ignorância e como ela pode ser a resposta para muitos de nossos problemas. Engraçado que eu vejo essa característica nos mais velhos, e também não entendo por que não nos sentamos e fazemos consultoria com nossos avós, é óbvio pensar que eles conhecem muito mais, já viveram a maioria dos dilemas pelos quais ainda vamos passar, e quando se trata de gente não há modernidade que desconfigure a essência do que somos,eternos perseguidores da felicidade. Todos tentamos encontrar um sorriso no fim do dia, mesmo por que o sorriso durante o dia valorizado nunca foi. A ideia é chegar bem no final. E então eu penso nos doentes terminais, cuja espera nada mais é que a morte, e para trás problemas e mal entendidos que invariavelmente eles tentam consertar, afinal, o moribundo é o santo por definição. A vida se resume então a continuar respirando, atender às necessidades básicas e biológicas, e demais frescuras que usamos para ilustrar a passagem, bens supérfluos como música e arte. E antes, o que era? E então há o amor, essa coisa indefinível e capciosa. Dizem que os animais sentem, mas eu ainda prefiro segurar a ideia de que somos especiais na existência do amor. Na existência da escolha. Aquele clique que surge em uma amizade ou em um grande romance. Eu não consigo crer, e muito mais, eu não sinto dentro de mim que tudo isso que sentimos, ou pensamos que sentimos, só pode ser uma configuração de interesses aleatórios da natureza. Isso é alma, isso é Deus. Volto para os doentes terminais e suas dores da doença que os consome. Esses doentes são acalentados pela anestesia, para um fim sem dores, aquelas mesmas dores que existem para nos proteger durante a vida, persistem já sem utilidade quando se encara a morte. O adjetivo anestesiado define a pessoa que não sente a vida, que não toma partido, mas eu nesse momento defendo o uso mais recorrente de anestesia no decorrer da vida, para que ao invés de ver e senti-la como ela é, possamos ir direto ao ponto, em direção ao amor. Muitos defendem a verdade como realidade, mas pra que encarar essa suposta realidade, se ela é feia e triste e só faz nos deixar ainda mais miseráveis e amargurados com nós mesmos? Somos mesmo assim tão masoquistas? Eu tenho feito uso recorrente da ignorância, que é um exercício de inteligência, nós não precisamos saber de tudo, de todos os detalhes, todas as horas. Nós devemos focar no que realmente importa, e deixar as ditas injustiças, mentiras e enganações para o universo, ou se preferir, para a própria vida resolver. Caos e sofrimento vão acontecer de qualquer forma, e para o nosso crescimento. Somos infelizes por que somos impacientes, e eu que nem vivi tanto assim já cansei de ver que se você conta a verdade que você acredita pra si mesmo, se você é honesto e segue confiante e paciente com a vida, tratando as pessoas com respeito, ela se encarrega de trilhar o melhor caminho, aquele que nem você mesmo imaginava, talvez bem latente em algum sonho, transmutado ao acordar em doce déjà vú. Talvez não seja o amor que nos torna especiais, talvez seja essa pulguinha chamada ansiedade. Aufwiedersehen!

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

O certo

Eu queria voltar a escrever. Sinto o desanimo tomar conta de mim, e pior do que o desanimo, sinto a covardia que me abraça languidamente com a compaixão que vem de tudo que não nos faz bem. Escrever é enxergar-me por dentro e isso pode ser cruel. Eu saberia que eu não acredito em muita coisa que eu costumava acreditar. Eu de repente ficaria sem o ópio para continuar a rir e isso é triste e eu não quero. Eu volto a sentir a urgência de mudar dentro da coerência infundada do ser humano. Fixação essa que temos de seguir, de nos sentirmos extremamente felizes e satisfeitos. A verdade é que a satisfação e a alegria vêm mesmo da procura. Veja bem que verdade profunda e bonita eu acabei de escrever. Dessa afirmação vem o meu desânimo e um sorriso cético perpassa meu rosto. A amargura dedicada aos velhos já me pegou, sinto-me então velha e cansada, querendo aposentar-me. Ai, como me parece doce a vida daqueles aposentados, e como os velhos e aposentados multiplicam-se nos tempos atuais do verdadeiro progresso. Afinal de contas precisávamos mesmo de colo, o povo brasileiro não conseguiu crescer na luta, na educação conservadora do pai bravo. Nós crescemos da papinha que mamãe deu na boca. Num súbito me vem a vontade de sentar no banquinho e comer a papinha, enquanto um ventilador sopra meus cabelos em um doce dia de verão. Uma comichão dentro do estômago me interrompe de minhas lamúrias gostosas enquanto mamãe me faz cafuné, um empurrão surrupia todo meu corpo do estado de latência e me faz sair à luta. Dizem que essa urgência vem do espírito, outros que vem dos livros uma vez lidos, eu realmente não sei, não sei se é bom, se é ruim, se é isso mesmo que nos resta da vida, trabalhar fechados em um escritório, por que para nós mortais o trabalho fechado em um escritório com ar condicionado é o que traz o real sustento, e como precisamos de sustento quando nos acostumamos com certo nível de vida. Todos nós brasileiros nos acostumamos a certo nível de vida, mas será que isso é certo? Então me resta pesar por não poder mais ter a doce ilusão de regressar, de precisar de menos, por que de menos já precisamos, só não conseguimos mais entender. Aufwiedersehen!