E tem mais...

(...)

Um monte de coisa misturada..

sábado, 13 de outubro de 2012

O que os olhos não vêem...

A verdade é superestimada. Superestimada por que ela mal pode ser mensurada. O que seria a verdade? Uma realidade? E o que é a realidade senão aquilo que percebemos através dos nossos sentidos como tal? Mesmo assim, o meu sentido é diferente de fulana, que é diferente de sicrana, multiplicado à décima potência. Em casa e na escola aprendemos que mentir é feio. Aprendemos que omissão é a mesma coisa que mentira. Eu acho que focamos nos problemas errados, e ao invés de resolver o problema em seu fim, ficamos discutindo conceitos e teses que não chegam a lugar algum. Eu ando pensando sobre a verdade. Ando pensando ainda mais sobre a ignorância e como ela pode ser a resposta para muitos de nossos problemas. Engraçado que eu vejo essa característica nos mais velhos, e também não entendo por que não nos sentamos e fazemos consultoria com nossos avós, é óbvio pensar que eles conhecem muito mais, já viveram a maioria dos dilemas pelos quais ainda vamos passar, e quando se trata de gente não há modernidade que desconfigure a essência do que somos,eternos perseguidores da felicidade. Todos tentamos encontrar um sorriso no fim do dia, mesmo por que o sorriso durante o dia valorizado nunca foi. A ideia é chegar bem no final. E então eu penso nos doentes terminais, cuja espera nada mais é que a morte, e para trás problemas e mal entendidos que invariavelmente eles tentam consertar, afinal, o moribundo é o santo por definição. A vida se resume então a continuar respirando, atender às necessidades básicas e biológicas, e demais frescuras que usamos para ilustrar a passagem, bens supérfluos como música e arte. E antes, o que era? E então há o amor, essa coisa indefinível e capciosa. Dizem que os animais sentem, mas eu ainda prefiro segurar a ideia de que somos especiais na existência do amor. Na existência da escolha. Aquele clique que surge em uma amizade ou em um grande romance. Eu não consigo crer, e muito mais, eu não sinto dentro de mim que tudo isso que sentimos, ou pensamos que sentimos, só pode ser uma configuração de interesses aleatórios da natureza. Isso é alma, isso é Deus. Volto para os doentes terminais e suas dores da doença que os consome. Esses doentes são acalentados pela anestesia, para um fim sem dores, aquelas mesmas dores que existem para nos proteger durante a vida, persistem já sem utilidade quando se encara a morte. O adjetivo anestesiado define a pessoa que não sente a vida, que não toma partido, mas eu nesse momento defendo o uso mais recorrente de anestesia no decorrer da vida, para que ao invés de ver e senti-la como ela é, possamos ir direto ao ponto, em direção ao amor. Muitos defendem a verdade como realidade, mas pra que encarar essa suposta realidade, se ela é feia e triste e só faz nos deixar ainda mais miseráveis e amargurados com nós mesmos? Somos mesmo assim tão masoquistas? Eu tenho feito uso recorrente da ignorância, que é um exercício de inteligência, nós não precisamos saber de tudo, de todos os detalhes, todas as horas. Nós devemos focar no que realmente importa, e deixar as ditas injustiças, mentiras e enganações para o universo, ou se preferir, para a própria vida resolver. Caos e sofrimento vão acontecer de qualquer forma, e para o nosso crescimento. Somos infelizes por que somos impacientes, e eu que nem vivi tanto assim já cansei de ver que se você conta a verdade que você acredita pra si mesmo, se você é honesto e segue confiante e paciente com a vida, tratando as pessoas com respeito, ela se encarrega de trilhar o melhor caminho, aquele que nem você mesmo imaginava, talvez bem latente em algum sonho, transmutado ao acordar em doce déjà vú. Talvez não seja o amor que nos torna especiais, talvez seja essa pulguinha chamada ansiedade. Aufwiedersehen!

Um comentário:

Gleorio Baja disse...

Adorei seu texto. Estou escrevendo um texto sobre isso para meu blog e foi bom ver que não sou somente eu que penso assim. Seguirei seu blog porque gostei do seu estilo de escrita, e se for de sua vontade, gostaria de pedir opiniões sobre meus textos no www.ohomemde1000faces.wordpress.com

Mais uma vez, parabéns Van!