E tem mais...

(...)

Um monte de coisa misturada..

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Date e o nano-romantismo

Do dicionário informal que o google me mostrou: Biscate - Mulher fácil, que fica com vários homens. Vadia. "A menina que ficava com todos os garotos do colégio era chamada de biscate." Todos estamos familiarizados com esse termo, todos conhecemos, xingamos, e amamos uma biscate. Durante a vida consegui discernir dois tipos distintos de biscate, e como não sou dicionário informal, ei-los como eu os percebo: 1- a Biscate assumida (assim, com B maiúsculo) - garota que se sente bem com o próprio corpo, dotada de boa autoestima, sabe lidar com a sua sexualidade desde muito nova. A maior característica da Biscate assumida é a desenvoltura que tem para beijar garotos que se colocam a sua disposição em fila indiana. Pessoas de bons costumes a apontam na rua e afirmam que ela não valoriza o próprio corpo. A Biscate prontamente responde, "como vocês mesmos dizem, o corpo é próprio, é meu", e ela tem certeza absoluta disso. 2 - A santa do pau oco - expressão que vem de um fato histórico, quando traficantes usavam santos vazios para esconder ouro e outras jóias ilícitas, longe dos olhos da lei. A santa do pau oco é uma personagem mítica, alguns desconfiam de sua existência, os homens a deixam passar batido, é preciso ser mulher, ou um homem muito sensível para notar a presença dela. Ela normalmente veste-se angelicalmente, e mais que tudo, fala baixinho, usa tons pastel, e cores claras de esmalte na unha. Ela tem relacionamentos longos, ou cisma mesmo com um cara que quer muito ter e não consegue. Sua principal característica é dar mole e moral pra todo par de calças que lhe atravessa a frente, sem jamais chegar às vias físicas. Ela dá mole e sai, dá mole e sai. Ela gosta principalmente de parecer sempre linda e insinuantemente doce, para os namorados das amigas, irmãs, enfim, a santinha não tem limites para sonhar. Pessoas de bons costumes a apontam na rua e comentam como gostariam
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que o filho arrumasse uma moça daquelas, ou que a filha fosse mais parecida com ela. A santa do pau oco responde com um sorriso feliz e autêntico, por que é insegura por demais e todos os elogios do mundo não lhe bastam: "imagina..."
A literatura já nos presenteou com biscates célebres: Madame Bovary e Belle de Jour ambas burguesas lindas e muito bem casadas que escolhem trair seus maridos em busca do bom e velho tesão que eles não lhe oferecem. Isso resumindo as histórias de forma bem leviana, em outra instância seus criadores, Gustave Flaubert e Joseph Kessel, explicitavam a falta de opção e do sonho fadado à submissão que era imposta às mocinhas. Flaubert foi julgado pela autoria do livro e se defendeu dizendo que ele era a protagonista "Emma Bovary c'est moi". A bela do dia, eternizada nos olhos delineados de Catherine Deneuve no filme do surrealista Buñuel, era um personagem difícil de engolir, tinha dinheiro, um marido gato, mas mesmo assim escolhia se prostituir nas tardes parisienses. Venho falar de biscates, principalmente as do primeiro tipo, por que me peguei pensando nelas e comentando com a minha mãe que com olhos esbugalhados ouvia essa minha teoria, como as admirava pelos tipos autênticos que são. Essas mulheres que abraçam o desejo que sentem e correm atrás dele como se tivessem direito, o que na verdade elas têm, como qualquer homem. Falei tanto de biscates e me peguei pensando que esse termo tende a desaparecer, pelo menos na fase adulta, não existem mais biscates, existem mulheres que lutam por seus próprios desejos, ou em tempos de falta de toque que não seja o clique do smartphone, elas reconhecem o desejo que sentem. E que sejamos mais biscates nesse sentido em todos os âmbitos da vida, porque ela é curta.

 

Aufwiedersehen!

sábado, 23 de fevereiro de 2013

A comédia romântica e o imaginário feminino

Ele é encantadoramente vulnerável e corre com um sorriso bobo pelos corredores de um aeroporto ao seu encontro, por que ele não poderia aceitar a ideia de esperar você voltar de uma viagem dali a duas semanas pra dizer que descobriu que te amava todo aquele tempo. Descobrir que aquele amigo que estava sempre ao seu lado, na verdade é magicamente o homem da sua vida? Essas imagens são particulares? Essa ideia de que existe algo para ser achado, e que só precisamos prestar atenção para pegar o que nos pertence, algo pronto e reluzente. Esse sentimento arraigado, essa meia esperança que não confessamos, é familiar? Ouso dizer que a maioria das mulheres participa do imaginário coletivo da comédia romântica. Eu faço uso desse gênero há muitos anos, esse produto desenvolvido para fazer o consumidor se sentir bem, de alguma forma abraçado, a tal da esperança que como um bom chocolate está para a tpm naquele propósito pontual, mas a longo prazo acarreta celulite, como as comédias românticas estão para a saúde dos relacionamentos posteriores. Ficamos buscando aquele clique, aquela conexão dos céus, quando na verdade esse clique é uma construção cotidiana, uma vontade recíproca de estar juntos, uma parceria. O que me levou a pensar nisso foi a sequência de uma nova leva de filmes do gênero, esses mesmos direcionados ao público feminino que não acabam no tradicional beijo do happy end, tenho visto filmes enveredando por outro lugar, um lugar incomum na ficção, mas paralelo à vida real dos foras, da falta de química, da falta de assunto e de tudo que é meramente ordinário. Tenho visto filmes de entretenimento com essa pegada, séries inclusive, o público feminino agora tem uma voz factível, acredito que muito pelo fato de as mulheres estarem escrevendo mais. É uma nova mensagem enviada, e que pode mudar muito a longo prazo. Saberemos esperar pelo cara comum, de carne e osso, poderemos ver o glamour em atravessar a rua de mãos dadas sem pedir por uma super produção? Talvez. Aproveitemos os filmes de romance mais realistas como bons chocolates diet. Ver no blog de cinema as minhas observações sobre o filme "Bacherolette" (2012). Aufwiedersehen!