E tem mais...

(...)

Um monte de coisa misturada..

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Um 2014 com alguma descompostura e desequilíbrio

Eu quebrei o braço andando de bicicleta com o meu irmão em 1995. Na época nós perdemos o controle da situação titubeante da estrada de terra, e enfim, caímos. Foi uma quase fratura exposta, que não se expôs, mas como explicar aquela dor? Eu tinha 10 anos, e eu soube que nada mais seria igual dali pra frente, eu achava difícil sentir uma dor assim, tão horrível, e talvez no decorrer da minha vida, eu estivesse "procurando" por algo tão marcante. Se eu estava mesmo, por algum motivo estranho, procurando por uma sensação extrema, foi nesse ano de 2013 que eu a "encontrei". Logo no começo, assim sem mais nem menos, minha avó morreu. Ela estava doente há alguns anos já, e não tinha mais por que ela continuar sofrendo, mas algo aconteceu comigo, era abril. Eu não esperava por aquela dor, e eu sabia que não havia nada que eu pudesse fazer pra que aquilo passasse, eu só tinha que sentir, sentir aquela dor até o fim, até que ela fizesse parte de mim, dali pra frente eu nunca mais seria feliz da mesma forma, a felicidade sempre viria com uma quebra, a quebra de não ter minha vó. Essa dor permaneceu em mim, e vez por outra ela me pega, e eu apenas a recebo, como quem recebe fantasmas a noite, e depois a deixo ir. 2013 foi o ano das despedidas.Começou com um decisão das mais difíceis que eu já tomei: sair de um lugar que eu amava, com pessoas que eu tinha aprendido a enxergar todos os dias como extensão da minha família. Até hoje eu sinto falta do meu primeiro emprego sério, aquele que formou minhas bases profissionais, mas eu não me arrependo da decisão. Em uma das últimas conversas com a minha vó, enquanto eu passava um creme em suas pernas inchadas e contava sobre isso, lembro que ela me apoiou, e eu vi em seus olhos a confiança de que eu ia dar certo - seja lá o que certo é. Em 2013 eu tive que abrir mão de várias coisas, lugares, pessoas, de certa forma eu me desvincilhei de todos para ficar comigo mesma, pra entender direito quem eu era. Então, eu trabalhei, trabalhei, aprendi muito, aprendi tanto que minha cabeça doía no final do dia. Nessa busca da solidão para encontrar um sentido, eu ainda não sei direito quem eu sou. Agora, no final do ano estou desempregada, à procura, vulnerável, aprendi a chorar pelo menos uma vez por semana, assim alto, sem conter nada, para depois acordar com esperanças renovadas. Eu fui furtada, tive diversos problemas com conexão e telefonia, para depois re-aprender a me conectar de verdade, sem contar os tocos que eu levei, algumas tentativas frustradas no amor, energia dispensada ao vento, que ficarão para a história. O último (espero), do ano foi um torcicolo que me paralisou de dor e medo, tensão de final de ano, das contas que chegam sem pena junto com o papai noel. Nesse ano, a pessoa que eu achava ser, diplomática e ponderada deu lugar a alguém bem diferente - ou seria, ao meu eu verdadeiro? Aprendi que nessa vida nós precisamos de rompantes de emoção, de falta de cautela, de palavrões gritados, algo não muito encorajado em cartilhas de felicidade e sucesso, mas eu aprendi, na marra, que são os extremos que nos colocam nos trilhos, nos tiram da inércia anestesiada que a rotina, e nós mesmos produzimos. Se eu acho essa dinâmica inteligente? Na verdade não, mas não me cabem as regras, eu bem que tentei ir seguindo no pianinho, no riso afável, nas gentilizas, mas não é que o mundo é podre ou os seres humanos são maus, nós somos apenas humanos, e o nosso sistema precisa de um tecla de reiniciar, de um desligamento geral de vez em quando. Eu usaria 80% de ponderação para 20% de falta de compostura. Aproveite o erro, o desequilíbrio, o grito desesperado, a falta de finesse em 2014!
Até o final dessa atualização eu continuo desempregada, com resquícios de dor no pescoço, com muitas saudades da minha vó, mas, curioso, eu simplesmente amei esse ano.

Aufwiedersehen!!

Eis os sobreviventes de uma aventura, felizes da vida!
Eu esqueci de contar que meu irmão caiu de cara no chão e assustou a mim e muitas criancinhas até arrumar o rosto.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

O mundo em mim

E se eu te contar, rapaz, que tudo  de ruim que tem no mundo, eu sorvo através de cada um dos poros da minha pele? Qual o meu problema? O meu problema é não ter escolha, é assim que eu fui feita. E se eu te contar ainda, que toda essa sujeira vaga dentro do meu corpo, e depois é devolvida como luz e flores? Não rapaz, eu não sou boa, sou só extremamente pura, e a pureza me faz sofrer, ela dói, e eu preciso senti-la até o fim, para que eu consiga extirpá-la de mim, pra fazer tudo de novo depois.

Aufwiedersehen!