E tem mais...

(...)

Um monte de coisa misturada..

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Você trocaria de lugar?

Estávamos em família esses dias comentando como as propagandas publicitárias da atualidade estão fracas, e então começamos a pensar quais as melhores - ou menos piores - que assistimos nos últimos tempos. Lembramos do exemplo das Havaianas, tem o filme da francesa, que se anima olhando uma revista sobre o Brasil, passando pelos pontos turísticos, as brasileiras sandálias anunciadas, até as mulheres trajando seus conhecidos, mas pouco vivenciados minúsculos biquinis, então ela muda de ideia e decide falar para o marido que eles vão passar a lua de mel na verdade em Veneza. Tem a outra do Cauã Reymond com o cachorro, todas com uma mensagem simples e certeira, terminando com um sorriso fácil do nosso lado da tela. A última delas, na praia, mostra a atriz, estilo garota "next door", tipo gente como a gente, que senta-se na praia toda feliz, e combina com o namorado por telefone que estaria no posto tal, quando vê surgir do mar, a nada next door girl Débora Nascimento, morena de olhos verdes, corpo escultural...Do "oi tudo bem" da simpática sereia para a nossa garota, a segunda decide mudar de posto sem pestanejar, avisando ao namorado. Eu ri, e talvez, suspeito que a maioria das mulheres riu. Eu fiquei imaginando depois quantas realmente se identificaram com aquela atitude, eu sei que eu me identifiquei, minha cunhada que assistia comigo também, até que minha mãe lembrou de uma pequena garota (uma anã que gosta se refiram a ela como "pequena"), e que tínhamos assistido no programa da Regina Casé (uma verdadeira aula na tv aberta). Essa "pequena mulher", uma passista da escola de samba e vestida como tal, com o corpo toda à mostra, estava mais confortável e sentindo-se melhor naquele palco, na frente de todas aquelas pessoas, do que eu já me senti na vida toda com o meu corpo, e olha que ela estava no na televisão. Minha mãe disse: "Duvido que a anã da Regina sairia do lugar na praia, tenho certeza que ela ficaria lá e ainda responderia ao bom dia da moça". Isso me fez pensar, e como sempre, eu fiz toda uma auto análise, voltando aos primórdios da minha formação como mulher. Eu demorei pra perceber que eu não poderia ficar para sempre defendendo os homens, que eles estão do lado oposto ao nosso nesse "jogo" dos relacionamentos. Não foi fácil pra uma garota que sempre gostou de ouvir a versão "deles" das coisas, que sempre se sentiu mais a vontade, ou talvez menos entediada na presença dos meninos. Hoje em dia eu penso que não são eles nossos inimigos, e perdoem-me o tom auto-ajuda/pregação cafona, me parece que o grande inimigo somos nós. Nós não nos enxergamos com bons olhos, para dizer o mínimo. Digo isso por mim, digo isso pela maioria das minhas amigas. Usamos paliativos para arrumar o arrombo que temos na nossa auto-estima (desconfio que essa deficiência pode se localizar em algum lugar no cromossomo X extra que carregamos), pode ser um elogio ou olhares na balada, pode ser uma perda de peso, ou uma boa hidratação no cabelo, um vestido novo, tudo isso, ou só isso, é temporário, e não sustenta um troço que se chama auto confiança, essa é mais complicada. Vi esses tempos em uma daquelas citações de celebridades de revista: "Não gosto da minha barriga, ela poderia ser mais reta, não é como a da Gisele ou da Izabel". Qual não foi minha surpresa ao ver que a autora da frase era a super model Isabeli Fontana. O X a mais não veio pra brincar mesmo. Aufwiedersehen!!

Um comentário:

Gabrielle Albiero disse...

Van, acho que o problema vem de fora da genética. A sociedade impõe às mulheres padrões de uma forma tão louca que elas, além de se cobrarem pra segui-los, cobram também as amigas, as inimigas, as desconhecidas. É impossível sair um dia sem se arrumar sem que alguém faça um comentário sobre você, e o pior é que isso é sim algo dirigido só ao nosso sexo. Acho que isso vem desde criança, quando a menina tinha que pentear o cabelo, usar vestido nas festas e sentar da maneira correta. Para os meninos, liberdade total. Toda menina quer ser princesa, e toda princesa é perfeita e impecável, algo que é impossível se conseguir. Nossa aversão a nós mesmas vem de cedo, mas não tão cedo quanto na formação genética.