Acabo de terminar um livro que conta a história do que conhecemos hj através dele como a idade que inicia a era mais iluminada da mulher: "A mulher de trinta anos". A linguagem dele vem muito do romantismo, com a descrição característica dos ambientes, situações, mas principalmente e o que fascina mesmo em Balzac, é que ele é mestre na descrição da mulher tanto física como psicológica, impressionante testemunhar o entendimento profundo que um homem um dia teve da alma feminina, se é que ainda há alguém. Um ser apaixonado pelo nosso sexo, que conseguiu nos enxergar sem julgamento de valor moral, mas apenas da forma realista e consequentemente peculiar e complexa que fomos, somos e sempre seremos formadas. E pensar que isso foi lá na início do séc XVIII...O amor, a amizade, a frustração, a maternidade encontram todas as suas nuances muitas vezes feias através dele, nosso egoísmo é palpável, mas alcança um certo valor mais próximo do comodismo, de algo que esteve lá e sempre estará, com Balzac nada é o que aparece, mas isso também não precisa ser um grande drama.
Vou guardar essa passagem quando for pensar em lamuriar-me de meus problemas, do padre que vai tentar colocar um pouco de perspectiva no ponto de vista da marqueza de D'Aiglemont: "Pensou um pouco na infinidade dos sofrimentos humanos? Ergueu os olhos para o céu? Viu nele essa imensidão de mundos que, diminuindo a nossa importância, esmagando nossas vaidades torna menores nossas dores?"
Olhamos esse gordinho, com essa mãozinha no peito, essa imagem meio que cômica de homem (quando cômica mesmo são a sociedade e todos nós seres humanos), e mal entendemos o caráter genial de Honoré de Balzac.

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