E tem mais...

(...)

Um monte de coisa misturada..

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Balzac e o espírito humano

Desde muito nova apaixonada pelos livros, mal conseguia esperar o momento de aprender a ler, antes mesmo de começar já sonhava com os lugares para os quais um bom livro poderia me transportar, sempre as melhores viagens, sem dúvida (mais baratas também). Dentro dessa paixão, pretendi conhecer os já consagrados escritores do nosso tempo, passeei por Agatha Christi, ainda muito nova...tentei Miguel de Cervantes, mas sem muito sucesso, Goethe, Machado de Assis, Dostoiévski....mas se tem um lugar especial no meu coração para um escritor, esse lugar é do Honoré de Balzac.
Acabo de terminar um livro que conta a história do que conhecemos hj através dele como a idade que inicia a era mais iluminada da mulher: "A mulher de trinta anos". A linguagem dele vem muito do romantismo, com a descrição característica dos ambientes, situações, mas principalmente e o que fascina mesmo em Balzac, é que ele é mestre na descrição da mulher tanto física como psicológica, impressionante testemunhar o entendimento profundo que um homem um dia teve da alma feminina, se é que ainda há alguém. Um ser apaixonado pelo nosso sexo, que conseguiu nos enxergar sem julgamento de valor moral, mas apenas da forma realista e consequentemente peculiar e complexa que fomos, somos e sempre seremos formadas. E pensar que isso foi lá na início do séc XVIII...O amor, a amizade, a frustração, a maternidade encontram todas as suas nuances muitas vezes feias através dele, nosso egoísmo é palpável, mas alcança um certo valor mais próximo do comodismo, de algo que esteve lá e sempre estará, com Balzac nada é o que aparece, mas isso também não precisa ser um grande drama.
Vou guardar essa passagem quando for pensar em lamuriar-me de meus problemas, do padre que vai tentar colocar um pouco de perspectiva no ponto de vista da marqueza de D'Aiglemont: "Pensou um pouco na infinidade dos sofrimentos humanos? Ergueu os olhos para o céu? Viu nele essa imensidão de mundos que, diminuindo a nossa importância, esmagando nossas vaidades torna menores nossas dores?"

Olhamos esse gordinho, com essa mãozinha no peito, essa imagem meio que cômica de homem (quando cômica mesmo são a sociedade e todos nós seres humanos), e mal entendemos o caráter genial de Honoré de Balzac.

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