E tem mais...
(...)
Um monte de coisa misturada..
sexta-feira, 8 de março de 2013
Vulneráveis e veneráveis
Hoje é dia internacional da mulher. Essa data passou a ser pleiteada no começo do séc. XX, rolava a primeira guerra mundial e começava em paralelo a segunda revolução industrial. Enquanto os homens guerreavam, as mulheres deveriam manter a industria funcionando e tiveram que ir em massa e por necessidade, para o chão da fábrica. A ideia inicial da comemoração foi para pedir melhores condições de trabalho, para depois adormecer o motivo que seria reinventado em 1960 no contexto das discussões feministas. Isso foi há 50 anos, e hoje? Foi sem coincidência que eu peguei para ler o famoso "O segundo sexo" da eminente filosofa e ícone do feminismo, Simone de Beauvoir. O feminismo tem esse peso pejorativo, imagina-se logo mulheres bravas com buço protuberante bradando por igualdade, às vezes imagino esse termo tão démodé quanto "burguesia", eles fazem parte de outra época. No meio de tanta fumaça de sutien, ter nossos direitos assistidos tornou-se o mesmo que aspirarmos à igualdade masculina. No contexto atual, o dia internacional da mulher deveria ser enxergado como um dia para pensarmos em nossas qualidades específicas, nas neuras também, por que não. Viemos em um pacote com todos os acessórios de fábrica: ansiedade, muita ansiedade, e é por isso que gostamos de ter um follow up nas nossas relações, é por isso que morremos de medo de levar um gelo, tomar um chá de sumiço por tabela. O pacote inclui insegurança e a luta contaste que travamos contra a baixa auto estima desde os tantos da adolescência. Precisamos de truques para nos sentir bonitas e invariavelmente essa resposta vem do espelho que são os homens, não deveria ser assim, mas é. Somos vulneráveis mas não nos mostramos assim, e eu acho que podemos aproveitar esse dia para assumirmos isso. Às vezes, do alto dos nossos saltos vamos precisar correr para o banheiro do trabalho e tirar dois minutinhos de choro abafado para assim desabafar. Às vezes esse choro vai sair assim mesmo em público, em um reunião, depois de muito stress e noites mal dormidas para agradar um cliente. Olho em volta e vejo mulheres inteligentes, cultas, viajadas, com um humor ácido que era antes só deles, que sabem apreciar uma boa cerveja e comentar um lance específico de futebol. Vejo mulheres bonitas, cheirosas, com depilação em dia e ainda com tempo para serem bem sucedidas. Vejo homens perdidos no meio dessas mulheres. Eu não acho que Simone previu que chegaríamos tão longe, ou tão próximas deles. Então, no dia de hoje eu desejo que sejamos mulheres, que sejamos ansiosas na medida boa do equilíbrio, por que não conseguiríamos evitar. Que sejamos vulneráveis e que sejamos cuidadas, bem cuidadas. E quer saber, se nós podemos e devemos transparecer vez por outra essa vulnerabilidade que não é feminina só, ela é humana, vamos agora permitir que eles também a mostrem. Se a mulher pode ser macho e chefiar departamentos com o mesmo salário (que ainda não é o mesmo, mas chegamos lá), que os homens possam deixar de carregar o fardo que muitas vezes vem de nós, da cobrança de serem machos 24 horas por dia. Que a eles seja permitido também um pouco de neura, um pouco de ansiedade e insegurança, por que nesse equilíbrio podemos deixar, às vezes, eles serem mais fortes, por que eles o são fisicamente e não tem problema. Que os deixemos abrir as portas do restaurante e escolher uma mesa, que os deixemos ser o que eles são, para que possamos ser o que somos, mulheres, com toda a graça e força que consigamos ter.
Fiquem com Simonão, que disse tudo isso em 1949:
"As mulheres de nossos dias estão prestes
a destruir o mito do "eterno feminino": a
donzela ingênua, a virgem profissional, a mulher
que valoriza o preço do coquetismo, a
caçadora de maridos, a mãe absorvente, a
fragilidade erguida como escudo contra a
agressão masculina. Elas começam a afirmar
sua independência ante o homem; não
sem dificuldades e angústias porque, educadas
por mulheres num gineceu socialmente
admitido, seu destino normal seria o casamento
que as transformaria em objeto da supremacia
masculina.(...)
Os dois sexos são vítimas ao mesmo tempo
do outro e de si. Perpetuar-se-á o inglório
duelo em que se empenham enquanto homens
e mulheres não se reconhecerem como
semelhantes, enquanto persistir o mito do
"eterno feminino". Libertada a mulher, libertar-
se-á também o homem da opressão que
para ela forjou; e entre dois adversários enfrentando-
se em sua pura liberdade, fácil será
encontrar um acordo."
Aufwiedersehen!
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Um comentário:
Arrebentou, Vanzinha!
Texto fantástico!
Eu sou neurótico e sensível pra cacete! Viva o saco da Milena, que é macio, macio e compreensível! hahaha
Uma ressalva: o termo burguesia não é de outros tempos e está longe de sair do dicionário!
Quando estiver com insônia, te explico! Só ligar! hahaha
Beijo
Fabinho da dissertação!
p.s: sacou que o menino ta surtado?
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