E tem mais...

(...)

Um monte de coisa misturada..

sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Arrumação

Há três anos a minha chefe na época, comentou sobre um livro de arrumação de uma autora japonesa que tratava das formas mais bem sucedidas de organizar a casa, e estava muito animada dizendo que o pequeno livro havia mudado sua vida. Apesar de não ter procurado pelo livro então, não pude deixar de ficar impactada pelo "mudar a vida", a ponto de depois de todo esse tempo, morando em outro país, e sem encontrar minha ex-chefe, eu me lembrar disso a ponto de mandar uma mensagem pedindo o nome da mágica japonesa: Marie Kondo.  Não somente porque a minha chefe é uma das pessoas mais organizadas que eu conheço e por isso ter ficado curiosa para saber o que mais um livro poderia ter ensinado a ela, apesar do título auto-ajuda: "A mágica da arrumação: a arte japonesa de colocar ordem na sua casa e na sua vida", descobri também que ele chegou a estar na lista de mais vendidos do New York Times com dois milhões de exemplares, mesmo tratando de um assunto que muitas vezes considerado supérfluo. Existe uma máxima que eu acho que é do Elvis, sobre milhões de pessoas não serem todas idiotas, ou algo do tipo que me faz sempre estar fascinada pela cultura pop, é que eu tinha a possibilidade de tempo livre que só os contratempos da imigração me permitiram, e o ócio que ainda quero estudar a fundo, acabou me jogando para esse livro que comecei a ler na segunda, e já senti mexer muito com a minha forma de pensar. Ainda estou em 40% da minha versão e-book, mas já posso adiantar que nas poucas sessenta e tantas páginas (o livro tem 160), pude compreender que a disposição do lugar que você mora faz diferenças razoáveis no jeito que você resolve viver. Me lembrei das tantas vezes em que minhas sensações já rodearam o espaço onde eu morava, como uma grande leveza aos sábados de manhã ouvindo uma música alegre, arrumando a casa, lavando e depois pendurando minhas roupas cheirosas, ou também nas vezes em que fazia essas mesmas coisas, mas para procrastinar um trabalho, só que desta vez gerando frustração 

Marie Kondo trata roupas e meias como se fossem seres animados, enfatizando a necessidade de serem bem dobradas, guardadas e energizadas, o que não parece tão louco se pensarmos que as roupas cobrem nosso corpo todos os dias, e ainda mais em termos de sustentabilidade e durabilidade do produto. O método que ela vem aperfeiçoando desde criança foca na base da nossa existência e na forma como acumulamos tudo. Energia, relações, desculpas, isso sem falar da poeira que vem com tudo isso, para os companheiros alérgicos. O mais interessante é que ela afirma que nunca teve uma recorrência nas consultorias que fez, porque o correto não é precisar arrumar sempre, mas apenas uma única vez e de forma certeira. Pensar eme não precisar mais arrumar nada é uma revolução drástica no modo como gerimos a vida, e nos faz ganhar não só quantidade, mas qualidade de tempo. Vivemos em um momento caótico todos sabemos, eu pessoalmente iniciei esse processo de arrumação e desapego de roupas, sapatos, bolsas e livros no começo do ano para mudar de país, confesso que a quantidade de coisas acumuladas em dez anos de vida em São Paulo foi assustadora, e até hoje, vivendo com o mínimo e muito pouco dinheiro em Barcelona, ainda me pego pensando em abrir mão de outras coisas. A grande questão é que não precisa e nem é para ser assim, precisamos aprender a comprar o que realmente precisamos, e na verdade, como Kondo diz, é algo maior que isso, só mantemos e/ou compramos o que nos faz essencialmente felizes. Isso é profundo e exige um enorme auto-conhecimento. 

Por isso estou guardando o livro com carinho e lendo de forma mais lenta para conseguir pensar muito sobre tudo que ela diz. Hoje decidi organizar as fotos guardadas no meu computador, e além das milhares de repetições e memes que vêm na onda do download do whatsapp, encontrei momentos incríveis, imagens enviadas por amigas e amigos de ex-namorados e namoradas, os bebês que iam crescendo e me emocionando no desktop, as várias selfies que fiz para mim mesma, e ao som de música clássica por indicação da Marie, fui sentindo também um pouco da minha alma sendo reciclada.

Aufwiedersehen!!


                              como não amar essa fada?



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