E tem mais...

(...)

Um monte de coisa misturada..

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

09 de janeiro em outro lugar

O viajante na maior parte de sua vida precisa trabalhar, e por isso acaba por perder a perspectiva do momento e por consequência a esquecer-se de onde está. Aí, em dado momento, ele retorna para o “no man's land” e começa a pensar o que quer da vida, mas o movimento o atrapalha como aquele vento que sacode o cabelo no rosto. Ele não é mais João, Pedro, Maria, de repente ele é brasilero. O viajante é sobretudo um malagradecido. Assim mesmo, tudo junto como dizem nossos avós MALA-GRA-DE-CIDO!Gosto de dizer que sou um desses, uma aventureira, que sinto claustrofobia, aracnofobia, cleptomania, ou seja lá o que for em lugares fechados, que me repugna a rotina. Tudo falácia! O malagradecido é antes de tudo um sujeito esquecido. Esquece que tem saúde, boa família, um teto. Que ele faz? Procura sarna pra se coçar! Estou na capital da Argentina, sentada na colorida sala de um prédio pintado em vermelho queimado, onde a luz entra sem pedir licença e aqui permanece até às 21h, veja lá que audácia! Daqui de minha cadeira, abóbadas de prédios antigos multicolores, todos têm um grande alfinete que aponta para o infinito sobre nossas cabeças. Conheci uma duzia de pessoas ou mais de todo lugar, conversei no meu inglês da adolescência, e até ensaiei alguns discursos no espanhol vizinho com aquele x ordinário argentino que vai no lugar do r, e que eu insisto em não aprender, por que parece que eles insistem em escrever o meu português errado! Sinto-me feliz por que viajo, percebo a saudade da intimidade muitas vezes incoveniente do cotidiano, das ligações de madrugada, das responsabilidades enfim...Dou um gole na minha Quilmes e preparo-me para mais uma noite de sofrimento em Buenos Aires, para tentar ser menos malagradecida.

Aufwiedersehen!!

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