E tem mais...

(...)

Um monte de coisa misturada..

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Inércia

Com coragem olhou para o relógio. 11:48h. A TV ainda participava da trilha matinal, enquanto os olhos nem fechados nem despertos insistiam não tomar decisão alguma. O estômago roncou. Um emaranhado de fios e poeira alçava vôo do chão da sala. Chega. Ela colocava com força desnecessariamente enfática os móveis em cima dos sofás. Cadeiras eram jogadas com cuidado abrupto sobre a mesa. Vassoura, tosse, pano, e o cheiro reconfortante da hortelã brigava com o barulho dos ônibus incansáveis do lado de fora. As roupas sentiam-se amassadas. Ferro, fogo, dobras. Do quarto pessoas conversavam aleatoriamente na sala. A TV era posta pra dormir. Era ela agora que precisava ser arrumada. O interruptor do chuveiro dizia inverno, e ele estava certo, mas ela precisava do frio escorrendo, mudou contra a vontade para a função verão. Arrepios desagradáveis, os olhos decidiam-se, queriam despertar. Já provida de sua toalha nova, que por isso não sabia direito enxugar, pensou naquele vestido. Sua mãe o havia comprado para um casamento, ele tinha essa estampa geométrica, que ela achou levemente informal para tal cerimônia. O vestido era bonito, e com ele tentou sair para a rua num dia qualquer, só que ele aparecia-se muito formal para o dia a dia. Talvez ele servisse para um dia como aquele. Vestiu-o e do espelho não conseguia decidir quem era e se servia àquele lugar barulhento. Uma sirene qualquer passou rapidamente pela rua, ela sentiu que respirava, respirou fundo para conferir e saiu.

Aufwiedersehen!

Nenhum comentário: