Uma dessas amizades aconteceu lá no final dos século XIX, entre Gaughin e Van Gogh. Os dois artistas teriam morado juntos durante três meses em uma cidadezinha na Holanda sob o intermédio do irmão e eterno preceptor de Van Gogh, Theo. Apenas Paul e Vincent na época, dois pintores de excentricidades diferentes tentando sobreviver na Europa pouco antes da primeira guerra e pós impressionismo. Paul Gaughin havia desistido da vida em família abastada com sua mulher norueguesa e seus cinco filhos, e atendendo ao seu eterno chamado selvagem, desistiu de tudo – fato criticado por Vincent em boa parte de suas brigas – e foi atrás de seu refúgio não civilizado, e como foi provado até o fim da sua vida, já inexistente naquela época. Vincent Van Gogh era o filho mal amado da mãe, um garotinho ruivo e esguio que vivia à sombra do irmão mais novo e bem sucedido, encolhido na pequena cidade de Orles. Paul era o cara cool daquele tempo, rei das festas, seguro e forte, daquele tipo que transforma em ouro o que toca, que nunca está sozinho e como todo popular, anseia mais que tudo à solidão impossível. Vincent sentiu-se bem perto do raio quente que emanava de Paul, ele finalmente chegava perto do sol, mas foi por pouco tempo que ele conseguiu lá ficar, já que vinha com uma bagagem cristã de culpa, vergonha, insegurança e chatice mesmo.
A loucura de Vincent Van Gogh é debatida por motivos contundentes, um homem nos seus trinta e poucos anos, um senhor para a época, corta por vontade própria a sua orelha a sangue frio e a entrega à uma prostituta. Dizem que o motivo do flagelo deve-se à auto punição proveniente de uma briga que teve com o amigo Paul, o cristão calvinista filho de pastor sofria por ter ameaçado, sofria por ter pecado e tentando o mal.
Paul morreu em um paraíso litorâneo afastado, em meio aos selvagens como sempre esteve durante a vida, Vincent suicidou-se e foi mal sucedido, ou teve sucesso apenas depois de sofrer e sangrar por dois dias depois do tiro da tentativa, e sofreu ao lado do irmão Theo até o fim, como em toda a sua vida.
Vincent Van Gogh com seus girassois "homenageado" pelo amigo Paul Gaughin.
Aufwiedersehen!

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