E tem mais...

(...)

Um monte de coisa misturada..

sexta-feira, 16 de maio de 2014

O fascinante universo masculino

Eu tive por muito tempo, uma atração, um quase endeusamento dedicado aos homens. Eu sempre gostei muito de estar perto deles, nunca entendi porque, mas tinha lá minhas teorias, talvez por ter nascido entre tantos tios, ou por ter um irmãozinho, meu primeiro amigo...talvez por ser uma menina heterossexual?

Eu tentei lembrar da cabeça daquela criança fofinha do interior, que olhava o mundo concebido para os garotos, seus primos, irmão, amigos. Um mundo onde não existia: "isso não é coisa pra você", "senta quiném menina", "isso não é bonito", "ajude a sua vó a lavar a louça". A minha leitura naquela época era de que os homens faziam por merecer aquele lugar mágico a que tinham direito. O lugar da liberdade pura. Eles podiam se sujar, esparramar-se no chão, andar sem blusa, eles podiam tudo. O que eles recebiam era diferente do que eu tinha, e eu queria aquilo tudo. Eu entendia que segui-los como mestres me levaria para a liberdade, então eu tentei aprender a ser mais agressiva, despojada, independente, eu só não sabia até então as maravilhas de ser mulher, e que eu podia ter tudo o que eu quisesse, se eu o reivindicasse como direito.

Eu renegava esse "mundo feminino" cheio de rendas, cor de rosa e fadas, interessavam-me os desenhos de super heróis, com seus mundos fantasiosos. Eu jogava para o time dos meninos, pretendia andar ao lado deles, e na adolescência achei ser possível continuar as aventuras no bosque, quando a chuva vinha e eu ficava perdida pra trás dos moleques, só que eu não imaginava que a adolescência viria com a puberdade e outros desejos sem controle.

Eu mantive o meu ponto de vista, mas tive obviamente, desilusões geradas pelo desencontro da expectativa da antiga admiração, versus a realidade homem x mulher, e então depois de muito defendê-los, resolvi voltar pro meu time.

Até pouco tempo eu torcia o nariz para o feminismo, hoje eu o abraço e carrego comigo. São esses valores arraigados em mim, esses limites inventados, que eu tento mudar, nem sempre com muito sucesso. O mais difícil porém, é tirar o gosto amargo de lembrar daquela  vontade de ser outra coisa, mas principalmente, pelo tempo grande que eu perdi desprezando o meu gênero. Não existe um "mundo feminino" e um "mundo masculino", é isso que eu tenho aprender todos os dias.

Eu voltei para o temido lado feminino, tenho grandes amigas mulheres, fortes e independentes, cada uma a seu modo, e eu tenho muito orgulho de ser uma delas, com todas as dificuldades que possamos encontrar pelo caminho.

Aufwiedersehen!!

2 comentários:

Kolomi disse...

Adorei o texto do fascinante universo masculino! Preciso criar coragem e voltar a escrever! Me ensina a parar de me boicotar, sempre acho uma bosta o que eu escrevo...

Vanessa Grigoletto disse...

Camilão, esse texto é antigo, fiz várias edições e cortes nele e mesmo assim acho ele fraco. Por que eu publiquei? Por que eu gosto da autenticidade do que é dito. Escrever é um ato de coragem, mas se é sincero, como o blog diz, pra mim já vale.

Jump!
Bjos