Deixa eu ver, a última vez que estive por aqui foi em junho, o que pode parecer pouco na cronologia adulta mas que em tempos de bebê são séculos! Em junho meu filho tinha três meses e acabava de aprender a virar, o que nos causou dores de cabeça por passar de um ser praticamente inanimado para um em ação. Sem contar quando ele caiu da nossa cama a despeito dos avisos do pediatra que sempre dizia para nunca deixa-lo na cama, e que resultou em um galo exposto em sua linda testa sempre nos recordando do fato. Na época até fiquei com medo de ser delatada para o conselho tutelar por ter deixado meu filho cair da cama, o que na verdade foi sob os cuidados do pai, eu mesma o deixaria cair uma outra vez dois meses depois de forma completamente idiota enquanto pegava uma fralda para troca-lo. Coisas que acontecem, pode-se dizer. É esperado! Mas mãe tem aquela coisa chata de sentir o coração em carne viva. Quando digo generalizando a palavra "mãe", quero deixar bem claro que me refiro a mim mesma em minhas idiossincrasias. Essa metáfora do coração como o centro dos nossos afetos faz muito sentido, porque o aperto que vem da queda de um filho pequeno da cama enquanto chora até ficar vermelho, justo o meu menino que nem chora direito, é muito bem e literalmente localizado no centro do peito. E então, venho tentando sobreviver desde março a este grande clichê que é quase morrer de amores e de medo por meu filho. Mas nem só de más notícias vive 2022, apesar das tantas perdas célebres, este ano trouxe esperança (brilha estrelinha!), e ser mãe tem dessas também. Minha vida ganhou perspectiva, de repente as coisas que sempre foram um tanto quanto abstratas, e quando digo coisas me refiro a planos do futuro, estudos, carreira, amor, todas estas coisas que aprendemos com a indústria cultural e a própria sociedade, ganham consistência. É simples, você precisa pensar em como oferecer o melhor para esta pequena criatura que vive nos seus braços, cujo relevo corporal praticamente se encaixa ao canto do seu corpo enquanto você anda pela casa catando pelo da cachorra, brinquedos ou arrumando a cama. Claro que agora ele engatinha profissionalmente, desde os seis meses e parece cada vez melhor nesta arte, dando pequenos saltos e depois engatando a quinta em velocidade surpreendente. Agora o menino escala mesas, cadeirinhas, tudo que estiver ao alcance dos seus 70 e tanto centímetros. E essa parte é chata, vamos ser bem honestos, estar sempre à espreita dos perigos em torno do nenê é cansativo, o tempo físico simplesmente para enquanto seu corpo de mãe madura 35+ padece. É um tal de agacha e fala "não" sem fim. Dizem que quando começa a caminhar piora, mas às vezes queremos apenas um desafio diferente para mudar um pouco os ares. Jurava que o pequeno caminharia ainda este ano, mas vai ficar pra 2023.
A pobi da revista do Winnicott
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