E tem mais...

(...)

Um monte de coisa misturada..

sábado, 15 de outubro de 2011

Coisas que saem da análise

Eu tenho o dom de me esforçar, me esforçar muito mesmo para fazer tudo que eu faço da melhor forma e em todos os aspectos da vida, com a diferença que eu faço isso parecer natural. Tem pessoas que até me acham tranquila demais, zen demais, já fui definida até como desencanada. A verdade é que um medo me persegue, eu tenho muito medo de desaparecer. Eu até fico algumas vezes imaginando o meu velório, imaginando quais pessoas se importariam em aparecer por lá. Na infância eu sonhava em ser uma super heroína, primeiro a batgirl, antes é claro de apaixonar-me pelos mutantes do X-men. Toda a idéia da mutação genética fazendo com que eu me tornasse extraordinária sempre me fascinou, e eu sonhava em ter essa anomalia, em acordar um dia voando, ou com uma super força, ou com o poder de guiar a previsão do tempo. Algo nessa coisa de ser comum me enojava, e eu sempre busquei dentro dos meus limites de humana “perfeita”, me diferenciar. Eu não gostava de usar a roupa da moda, eu não gostava de escolher a mesma comida que o outro escolhia, e nem de ter a mesma opinião, até estar sempre com o mesmo grupo de pessoas me deixava desconfortável, eu precisava sempre de um lugar novo, um evento novo, uma nova data no calendário futuro. Durante esses vinte e poucos anos que eu vivi, tentado formar um modo de sobrevivência próprio, eu criei uma mutação psicológica que me fez capaz de distanciar das pessoas, para ao mesmo tempo observá-las. Eu consegui enfim realizar meu sonho de ser mutante. Eu sou a personificação do narrador onipresente da literatura, que vê toda a narrativa, mas dela não participa. Do meu próprio modo eu criei um mecanismo de controle, que desencadeou o meu fascínio pela comunicação e pelas relações públicas, pelos eventos e por juntar pessoas, debaixo desse alguém muito animado e integrador, havia na realidade um robô com medo de ser esquecido e desaparecer.
Agora com a maturidade eu não sou mais capaz de manter essa máscara, e como esse motor em curto circuito que recobra sua utilidade aos poucos, e começo a achar tudo muito injusto e algumas vezes apenas choro por não poder resolver na hora, para poder pensar novamente nisso no dia seguinte. E aí eu tento juntar um quebra cabeça de como gerir minha vida, juntando conceitos vomitados, desde catolicismo até a ética do bom cidadão, que não nos ensinam a lidar com sensações não previstas, de asco, desprezo, desespero, e solidão seguida de preguiça das pessoas, é tudo contraditório, é tudo irregular e não entra na minha lógica.
Eu sinto que vou desaparecer por que meu celular não toca mais aos feriados e fins de semana, eu sinto que vou desaparecer por que eu me tornei tão independente que meus pais confiam em mim a ponto de me deixarem só, exatamente do jeito que eu sempre quis. A ponto de minhas amigas não se preocuparem se eu entro e me prendo em meu quarto sozinha sem dizer nada, por que eu sempre fico feliz de novo. Eu me tornei um robô e agora tento com força retomar minha humanidade e descobrir como lidar com isso. Um coração que tenta se abrir demora até conseguir achar a chave geral.

Aufwiedersehen!

2 comentários:

Fábio Babo disse...

Você não esta sozinha nessa, Vanusa! É foda pra dedéu, mas continua sendo bom, por isso vc sempre fica bem de novo. Assisti aquele filme novo do Mel Gibson, do boneco ventríloco e tal. É massa ver como criamos mecanismos e condicionamentos a vida toda, e como é difícil sair de armadilhas que nós mesmos armamos. To ligado, acredite! Força ai na libertação do coração. Beijo grande com muito amor!

Bianca D'Ottaviano disse...

Van,
Os seus textos me encantam, e confesso que me intimido de tentar traduzir esse encatamento em palavras...
Pois bem, eu vivo um conflito como o seu na minha análise tbm!
Você é de ouro, te amo! Bjo minha amiga!
Bianca