E tem mais...

(...)

Um monte de coisa misturada..

terça-feira, 7 de maio de 2013

Aulas x conhecimento


Mês passado me peguei surpresa percebendo um fato, eu não gostava de aulas. Eu havia me proposto a fazer um curso de atualização - já que sou uma "senhorinha" obsoleta há seis anos graduada - voltado para Comunicação, em uma escola célebre, já que a minha querida Unesp no interior paulista não primava pela boa educação em Comunicação em se tratando de métodos práticos de ponta. Lá o ensinamento é mais voltado para o pensamento, para o abstrato.
Fiquei muito feliz na primeira aula do curso semanal que duraria apenas dois meses, meu cérebro formigava como que saindo de um estado de letargia. Termos técnicos voltavam a fazer sentido e eu me sentia empolgada e até emocionada com toda a possibilidade de aprender mais. Foi já na segunda aula, que a triste constatação caiu amarga sobre mim, relembrei meus tempos de escola, principalmente, e com trauma, lembrei-me do terceiro colegial. Tínhamos uma turma deliciosa de amigos que cresceram juntos, mas fora as bagunças e a grande expectativa para a viagem de final de ano para Porto Seguro, lembro-me com enfado daquelas cinco horas dentro da sala, ouvindo, veja bem, ouvindo, Geografia, Biologia, Química, Matemática...fora uma vez por semana quando ficávamos também a tarde na escola. Era penoso, não fazia sentido pra mim. Já na faculdade, a mesma coisa, eu ficava agitada na sala, pensando no bar, mas não como alcoólica - tão e somente -  mas pensando no bar como o lugar que ele era, um espaço livre dos melhores debates filosóficos da minha vida universitária. Lá percebíamos que estávamos chegando em algum lugar. Não na claustrofóbica sala de aula. Na época eu me auto enganava como tendo tendências à vadiagem, ou como alguém que não gostava do “positivismo” imposto pelas carteiras, mas foi naquela época que eu comecei a enxergar tudo diferente, sob as lentes maravilhosas da Sociologia, Antropologia e Filosofia, as “fias” que se transformariam, não sem o crédito devido aos adoráveis e apaixonados mestres responsáveis, na base de como eu enxergo a vida hoje em dia.
Eu tenho uma paixão crônica pelo conhecimento, assim bem amplo mesmo, adoro saber um pouco sobre tudo, mergulhando eventualmente nos temas que realmente me interessam, tudo assim, de graça, sem prova no final do mês, sem trabalho, faço sozinha, no meu tempo livre, por puro prazer. Participei também, na época da faculdade de um grupo de estudos sobre a teoria da complexidade, e hoje orgulhosamente faço parte de outro grupo aqui na cidade grande. Ou seja, eu amo estudar, mas eu não gosto das aulas, elas são taxativas, esmagam minha imaginação, ou melhor, minha imaginação corre solta principalmente nessas horas, só que ela fica inutilizada, lá, quatro ou cinco horas dentro de um cubículo com ar condicionado - ou não.
O que eu quero dizer é, cada um tem um jeito particular de aprender, temos talentos, todos nós, só que eles vão sufocando nesse percurso de quase vinte anos de aulas forçadas e nada optativas Para tentar reverter essa situação, depois de três anos no emprego que não te faz feliz, em que você inutiliza boa parte do seu talento natural, o negócio é não desistir de ousar, não desistir de recuperar aquela criança sapeca adormecida em algum canto cheio de poeira do nosso cérebro, junto com os outros sonhos menos ortodoxos.
Aproveito pra indicar uma palestra do melhor evento social do momento, o TED "ideas worth spreading", essa em especial sobre educação, na figura engraçada do inglês Ken Robinson que fala coisas muito especiais, como só as coisas óbvias podem ser, e me faz sentir quase raiva pela limitação do que podemos realizar quando postos nesse formato quadrado educacional, só espero que não seja tarde.



Aufwiedersehen!!

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