E tem mais...

(...)

Um monte de coisa misturada..

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Carta a uma menina de 15 anos

Oi menina, eu já fui o que você é hoje, então permita desculpar-me, oi moça. Você já não se sente como criança, apesar de ainda ser vista dessa forma. Ou seria o contrário? Seria você ainda uma garotinha como há poucos três anos atrás, que brincava de bola, e pulava no colo de adultos do sexo masculino sem restrição de comportamento? Seus sentimentos estão misturados, há essa fervurinha no estômago que vem e volta, ou seria um pouco mais abaixo do estômago talvez? Shhhhh...fique tranquila, você está segura nessa conversa, lembre-se, somos iguais, ou já fomos, ou ainda seremos. Eu sou você amanhã, para o bem ou para o mal. Você está perdida menina – permita-me continuar a chamá-la de menina, cá entre nós? Assim consigo afastar-me dos seus problemas atuais, tão próximos ainda dos meus, e salvá-la talvez, quem sabe? Eu sei que você é bonita. Queria que você soubesse disso também. Você deve gostar de roupas, de sapatos, ou de jogar bola e videogame, quem sabe? Você ainda está descobrindo o que realmente gosta, ou se já sabe, você tem muita sorte.
Os garotos, esses começam a ter uma importância tal, que te deixa de mãos atadas. Eles estão no momento mais apetitoso do que jamais serão, os garotos mais velhos, os de 18 anos, os universitários. Eles assemelham-se a deuses no Olimpo. Tão distantes. Shhh...não fantasie tanto com a vida menina, esse Olimpo ainda vai ser seu, se você quiser, lá você vai perceber que
pode andar ao lado deles. Ah...você não quer andar ao lado deles, você quer ser amada. Me desculpe menina, já superei esse desejo, ou finjo superá-lo todos os dias para poder ser objetiva. Falo de carreira, contas, investimentos, satisfação, reconhecimento, mas não entrarei mais nesse mérito. Hoje o assunto é você. Somos comparsas, eu já perdi muitas partidas, mas quero que você as compense começando direito, deve haver um jeito, um guia, uma fórmula para conseguir o que
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eu quero que você consiga: você deve amar a si mesma. Isso. É por esse amor que você deve lutar, ele é difícil de conseguir, você vai encontrar barreiras quase intransponíveis de insegurança, e a maldita, a desnecessária, o invento do diabo que é a comparação. Menina, olhe para as amigas que você tem hoje, junte-se a elas, observe-as de perto tentando manter certa distância- isso é possível. Perceba o tipo de mensagem que elas te passam, pequenos comentários, pequenos avisos, demonstrações de parceria. Cuidado menina, cuidado com as mulheres. Nós podemos ser perigosas. Nós nos auto-sabotamos, somos cruéis com as outras, para depois sermos cruéis com nós mesmas. Seja forte menina, reconheça a sua luz e não deixe que ninguém assopre a sua vela. Shhh....desculpe-me menina, desculpe te desanimar. Saiba que a tristeza vem, o desespero, mas que você não pode e nem deve fugir deles. Abrace-os, eles vão se acalmar para depois partir, deixando-a mais consciente, primeiro de uma forma ruim, depois de uma forma maravilhosa.
Você deve estar cheia de sonhos, a tão desejada independência se aproxima. Seus pais que você não suporta se provarão os melhores amigos do mundo. E eu vou ter que te dizer uma coisa, prepare-se, vai doer: sua mãe está certa.
Boa sorte menina. Que seu corpo através do cérebro que decodifica essa carta, apreenda algo e guarde para um momento oportuno. O seu
corpo está urgente agora e não vai conseguir processar tudo isso. Desculpe-me novamente menina, não é a hora, nem o momento de deixar a fantasia pra trás. 

Aufwiedersehen!

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