E tem mais...

(...)

Um monte de coisa misturada..

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

All that jazz

Não nos conhecíamos, estávamos lá afinal, para isso.
Juntos, caminhamos pelo estacionamento que escondia a casa de jazz.
Lá tudo respirava noir, mistério. Era um lugar que pretendia isso, e conseguia.
Ao chegarmos à casa, eu tentava me decidir, deveria deixá-lo escolher a mesa? Eu entro antes ou depois? Nunca sei se existe jeito de mulher agir.
Ele mostrou um lugar, a uma boa distância do palco.
Ambos buscávamos palavras para iniciar a noite, e elas foram surgindo.
O jazz obrigava que nos calássemos enquanto era a vez dele falar.
Estávamos encostados na parede, ele, uma mesa redonda e eu. Enquanto a música tocava, eu observava seu peito que subia, para depois descer. Ele também sentia.
Ele talvez quisesse beijos para aquele primeiro encontro e meio, mas contentou-se com a música que nos separava, junto com a mesinha, durante a hora que eu não senti passar.
O silêncio era recheado de sensações, e eu o ia conhecendo através delas. Eu que pensava que para tal, palavras eram imprescindíveis.
A música, seu peito que arfava, sua nuca, suas mãos sob as pernas, a visão dele e da sua sensibilidade mexiam com algo em mim, e não era o coração.
Aquela mesa redonda que nos separava aumentava a minha vontade de estar perto, de provar dele, vulnerável pela música.
Em um impulso orquestrado depois de alguns minutos de timidez, eu saltei para a cadeira ao seu lado.
A casa ia esvaziando. Ele nada fez, além de sorrir e continuar prestando atenção à música.
Queria mudar a posição, queria ser a observada dessa vez. E ele o fazia, com o jazz ao fundo. Eu estava de saia, as pernas cruzadas ora de um lado, ora de outro, minhas mãos agora pousavam sob elas.
Ele apoiou seu braço no encosto da minha cadeira. Agora eram minhas costas que ele tocava, levemente. Eu sentia arrepios, era o contato quente da pele dele, com a minha.
Aquele quase não se tocar era meu corpo totalmente no dele. A música permanecia como energia que ligava nossas almas, era intimidade pura. Era o presente, e se fora. 

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