E tem mais...

(...)

Um monte de coisa misturada..

sábado, 10 de janeiro de 2015

Evasão

Começa com um flerte: um trailer, uma indicação de umx amigx, uma propaganda na página de umx diretorx queridx, a adaptação de um livro que eu amo. De variadas maneiras descobre-se que existe um filme para ser visto. Esse tempo até a realização do fato serve como preliminar e pode começar muito cedo, na produção, como também no finalzinho, minutos antes da sessão no cinema, quando alguém te faz um resumo da história. Assistir a um filme é sempre uma viagem pra fora daqui, é mergulhar em outro mundo onde você pode escolher ser o que quiser, protagonista, antagonista, coadjuvante, narrador...é a expansão das possibilidades humanas.

Tenho tatuado no braço os dizeres do provérbio alemão que eu roubei emprestado do livro de Milan Kundera em "A insustentável leveza do ser",  que diz: Einmal ist Keinmal,  na tradução tosca e literal: "uma vez é nenhuma vez", filosoficamente é a ideia de que para as ações e decisões da nossa vida não há ensaio, tudo é improvisado naquele momento específico, fazendo com que cada uma das nossas tentativas não sejam válidas como experiência propriamente dita, então, essa vez não vale, ela é nula por que não se repetirá tal como foi no futuro. O cinema me dá a ilusão de viver alguns ensaios nas situações mais inusitadas, não que eu ache que um dia eu possa me tornar a Exterminadora do futuro, mas para o meu gênero preferido, o drama, essa premissa começa a parecer de alguma forma possível. O cinema forja uma vida que ainda não vivi e talvez nem viverei, ele me faz cortar a fila dos acontecimentos. 

Essa coisa da evasão, de não estar aqui, como ela me atrai, e os filmes fazem isso de forma literal, muito por reunirem a maioria das formas de arte, ou pelo menos as mais poderosas para mim, como a música, a arte, a fotografia, a literatura, e o nosso corpo fica lá como acessório decorativo, enquanto a mente viaja para onde queira ir ou ser levada. 

Como retorno a esse gesto de confiança com o filme, de deixa-lo entrar em mim e vice e versa, não quero que o meu corpo retorne arrumadinho, quero uma bagunça, uma charada na cabeça, alguma ideia que fique durante a semana, para que eu subverta alguma questão, para que eu olhe a realidade de forma diferente. É muita responsabilidade, e eu me pongo loca quando essa responsabilidade não é levada em consideração, quando há ambição e vaidade, e a mensagem fica lá no meio, perdida. Existem alguns filmes que mexeram muito comigo nos últimos tempos e eu queria deixar de dica para a posteridade:

Ninfomaníaca - Lars von Trier 
A delicadeza do amor - David Foenkinos 
Boyhood - Richard Linklater 
Malévola - Robert Stromberg 
Her - Spike Jonze 
X-men: dias de um futuro esquecido - Bryan Singer
Clube de compra Dallas - Jean Marc Vallée
Violette - Martin Provost

Boa evasão a todos, essa é a viagem da boa e sem contra indicação.

Aufwiedersehen!


Nenhum comentário: