E tem mais...

(...)

Um monte de coisa misturada..

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

O desemprego e a perspectiva

Eu lembro da primeira vez que eu vivi a realidade do desemprego de forma real, foi no começo dos anos 90, quando meu pai foi despedido da empresa em que trabalhava, e que estava falindo. Lembro de entender que aquilo era algo sério, e do meu pai dizendo que sem emprego ele não ficaria, nem que fosse pra comprar um carro de lanche e vender cachorro quente. A atmosfera era leve e bem humorada, característica básica do meu pai, mas eu sabia que a situação era de alerta, teríamos que nos movimentar. O meu segundo encontro com o desemprego, já atribuindo desse status em primeira pessoa, foi a partir do momento em que eu entreguei o meu trabalho de conclusão de curso na faculdade, no final de 2007, quando eu passei, costumávamos brincar, de futuro do país a problema social.
A última, e não menos importante, foi no final do ano passado, nos idos e vindos da renovação de expectativas que é todo final de ano, eu como freelancer estava despedida e literalmente com uma mão na frente e outra atrás, sem a quem recorrer, nem ao governo, já que eu tinha inventado de sair do meu seguro primeiro emprego pra ir dar uma olhada no mercado, lá fora. No começo do ano,  eu ainda sustentava algumas esperanças a la geração Y, de trabalhar com algo mais próximo do que eu estudei na faculdade, algo que me suscitasse mais paixão, blá blá blá...impressionante como eu quase não reconheço aquela garota carregada de ideias em janeiro de 2013.
Eu tive um péssimo timing, a economia que começava as demonstrações de insuficiência naquela época, comprovou-se pior ainda nesse 2014 cheio de eventos e holofotes. Ninguém conseguiria contratar profissionais fixos, e então, eu engatei a segunda marcha e assumi a vida de freelancer, esse exercício contínuo de desapego. Desapego de salário fixo, desapego de plano de saúde, desapego até da galera da firma, já que a minha firma sou eu mesma, em homenagem ao querido Jimi Hendrix, através do Purple Haze Produções e Vídeos LTDA - ME, que eu sinalizo nos cheques esparsos recebidos mês sim, mês não.
Eu tive que rebolar, e muito nos últimos tempos, eu cheguei até a pensar, relembrando a ideia do meu pai, a trabalhar como garçonete, ou algo do tipo, enquanto eu não encontrava emprego, e as contas continuavam. Hoje eu tenho jobs, projetos. Hoje meu ambiente de trabalho somos eu, o computador, e um celular. Eu não tenho como reclamar do processo, eu apenas me adapto no tempo finito que são os jobs que pego. Minha vida que eu gostava de calcular toda certinha com seus dias e feriados, agora é uma grande surpresa que eu descubro por dia. Sou como que o alcoólico em tratamento, vivendo um dia de cada vez.
Eu não quero nada além de trabalho, algo que me movimente, e que me dê perspectiva. Tem sido solitário, como eu nunca imaginei que minha vida seria. Eu tenho passado um bom tempo comigo mesma, refletido, e resolvido os problemas do jeito que é possível resolver, tudo muito mais lógico, como uma equação atrás da outra.
Aproveito aqui pra falar, se souber de emprego, tenho um cérebro e duas mãos prontas pra ação.


Aufwiedersehen!!

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