E tem mais...

(...)

Um monte de coisa misturada..

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Quando a beleza machuca

"Que me desculpem as feias, mas beleza é fundamental.", disse Vinícius, e eu prometo que essa não vai ser mais uma postagem zoando o poetinha (http://goo.gl/Ql88dl).

Essa é uma afirmação célebre de um determinado contexto social, um clássico, sempre atual. O nosso contexto cultural que "sugere" de maneira pouco sutil, que as mulheres devem ser belas, por que isso é o mínimo que devemos fazer das nossas vidas. Somos embelezadoras do mundo, bibelôs transeuntes. Acontece que, esquecendo a questão de gosto pessoal estético, existe um padrão a ser seguido, que é indicado pelas revistas, novelas, todos os dias com suas mulheres longilíneas (cada vez mais), com cabelos lisos e loiros, desde a época das paquitas. Ah é! Agora já é mais aceito/indicado, um leve encaracolado bagunçado e despretensioso a lá Bündchen.

Pensando que a maior parte da nossa população é formada por mulheres morenas, com cabelos escuros e encaracolados, altura mediana, não é de se surpreender, que tendo em vista um modelo tão discrepante da realidade, o resultado seja catastrófico na auto estima e segurança das mulheres à medida que elas crescem.

Quantos os cabelos enrolados alisados até doer o couro cabeludo? Quantas intervenções cirúrgicas para um seio maior, um bumbum menor? Sem falar das dietas milagrosas e da fobia contra as gordas, um comportamento alarmante e em crescimento desenfreado.

A insegurança, a baixa auto estima, o ódio ao espelho, é o responsável pela maioria dos nossos problemas. Temos problemas para nos relacionar sexualmente, por que não aceitamos nossos corpos, não conseguimos amar, por que não aprendemos a nos amar primeiro, sem contar todo o higienismo que nos cerca.
Eu já pensei que deveríamos todas viver na convicção de sermos lindas, hoje eu gosto de encarar a beleza como apenas mais uma característica, tipo tocar violão. Algumas mulheres tocam bem violão, outras não, e tá tudo bem.

Essa é a maior das lutas internas, de um lado o que eu já estudei sobre feminismo, e em como eu devo me amar do jeito que eu sou, sem seguir qualquer outro padrão que não se encaixe ao meu, do outro, todos esses anos de sujeira presa no inconsciente, me dizendo que eu engordei, por exemplo, e que por isso eu não sou boa o bastante. É uma luta extremamente cansativa entre a razão (feminista), e a emoção daquela adolescente desengonçada e mal resolvida, ainda mais depois de tanto desconstruir esse modelo seguido. Eu ainda perco dias de ânimo por causa de uma calça apertada, ou de um vestido que caiu muito mal em uma foto. Não somos superficiais, somos traumatizadas. Isso não é se vitimar, isso é entender a complexidade das questões que temos de lidar, talvez pra sempre :(

Boa sorte, mais aceitação, e vamos aprender a tocar violão que é mais fácil!


Aufwiedersehen!!













http://goo.gl/ca3Bbh

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