E tem mais...

(...)

Um monte de coisa misturada..

terça-feira, 11 de dezembro de 2018

A morte na tela

Esse é um desses textos que faz crossover com meu outro blog, pensando em conteúdo audiovisual, narrativa e a interface com a nossa vida diária. Quero falar sobre os significados das mortes de personagens importantes em filmes e séries, e sobre os possíveis porquês dessa escolha narrativa que tem se tornado tão comum. Lembro de ter uns dez anos e  quando vi o Simba assistir ao seu pai sendo morto dentro de um cinema que havia no centro da minha pequena cidade do interior e que hoje é uma Assembléia do Reino de Deus, em um movimento bem parecido com o que eles estão fazendo na Holanda, só que não.

Eu ouso dizer que o que faz O Rei Leão (1994), dirigido por Roger Allers e Rob Minkoff, com roteiro incrível da Linda Wooverton, Jonathan Roberts, Irene Mecchi, ser um dos melhores filmes que eu já assisti na vida, apesar de ser uma animação e eu realmente tenho um pouco de dificuldade com tudo que não seja longa metragem live action ficção, é exatamente por esse momento em que o nosso protagonista precisa iniciar uma jornada que pra qualquer pessoa se torna algo inesquecível por conta daquele momento de profunda violência e ainda mais quando cometida por alguém de confiança da família. Nos compadecemos da dor daquele filhote bobo, e quase sentimos um pouco de raiva por ele ser tão suscetível. 

Pulando um pouco no tempo, chegamos em uma das primeiras séries nessa lista de conteúdo feito para devorar no verbo to binge watch, em Lost (2004), criada por J.J Abrams, Damon Lindelof, Jeffrey Lieber, estrelada por Matthew Fox, Evangeline Lilly e Josh Holloway, lembro claramente da sensação de perder um dos personagens mais queridos, o Charlie, e como na época foi chocante pelo comentário dos espectadores, e como aquilo trouxe um pouco mais de verdade para aquela história louca que todos nós sabemos que não terminou muito bem. A morte do personagem reavivou o interesse pela série.

Impossível não falar da maior revolução em termos de narrativa, Game of Thrones (2011), criado por D.B. Weiss, David Benioff, estrelando Lena Headey, Emilia Clarke, Peter Dinklage, e Kit Harington. Eu diria que uma das maiores razões do sucesso de GOT foi a indeia louca de matar um protagonista, algo impensável até então, e justo com Ned Stark, um dos mais saudosos personagens da série, e seguiram fazendo com um ápice sanguinolento no episódio do Red Wedding. Essas mortes nefastas trazem a ficção pra perto da realidade e nos ata a narrativa porque as pessoas morrem, e a morte passa a ter significado quando pessoas amadas morrem. 



Eu agora não posso seguir comentando muito porque ainda é recente e pode se transformar em super spoiler, mas algumas outras séries recentes tomaram decisões parecidas, matar protagonistas e seguir com a série muitas vezes tem acontecido para cobrir o pedido de saída de determinado ator, e não como algo realmente construído no arco do personagem, o que normalmente não funciona muito bem. 

Me lembro da época da Copa no Brasil em 2014, no fatídico jogo contra a Alemanha, de como eu precisava daquela vitória do nosso time, estava vivendo um ano complicado, pulando de freela em freela, e a Copa significava a minha absolvição do mundo real, mas o 7x1 me deu um chute e me colocou em algum lugar de volta a realidade. Acho que o que eu quero dizer é que a ficção pode nos exercitar a perder, a não ter êxito, a desapegar, por que se existe algo que segue presente na vida do início ao fim, isso é a perda. 

Aufwiedersehen!!



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